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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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PARIS É S<strong>EM</strong>PRE PARIS<br />

20.03.54<br />

(“Parigi é sempre Parigi”). Itália. 50. Direção de Luciano Emmer. Roteiro do<br />

mesmo e de Sergio Amidei. Elenco: Aldo Fabrizzi, Ave Ninchi, Lucia Bose,<br />

Marcelo Mastroianni, Franco Interlenghi e outros. Distribuição da Art. Em<br />

exibição no Opera e circuito.<br />

“Paris é sempre Paris”, o filme de Luciano Emmer atualmente em<br />

exibição na Cinelandia, é anterior a “Garotas de Praça de Espanha”,<br />

apresentado no ano passado em S. Paulo. Nessa fita, o antigo documentarista<br />

procurou reeditar o êxito de “Domingo de Verão”, usando da mesma técnica de<br />

narração e do mesmo estilo, mas não foi feliz, constituindo-se seu filme em<br />

uma comediazinha bem intencionada, mas bastante inexpressiva.<br />

Em “Parigi é sempre Parigi”, todas as limitações de Luciano Emmer se<br />

tomaram mais evidentes, enquanto que as qualidades se obscureceram. Todos<br />

os defeitos, todas as imperfeições, que se faziam notar em “Domingo de<br />

Verão”, mais tarde, em “Garotas de praça de Espanha”, estão presentes e<br />

aumentadas neste seu filme, enquanto que de suas melhores coisas há apenas<br />

vestígios.<br />

A tendência de Emmer para a caricatura, para a superficialidade das<br />

observações psicológicas, a falta de dinamismo e de vida em seus personagens,<br />

o escasso uso dos recursos do cinema — de tudo isso pode ser acusado “Paris é<br />

sempre Paris”. Indiscutivelmente, o discípulo de Alberto Castellani teve nesse<br />

filme sua realização mais medíocre.<br />

Nessa película, ele procura nos contar, dentro dos cânones do neorealismo,<br />

a história da viagem a Paris de um grupo de italianos. Em torno dessa<br />

idéia central, gira o filme. Como ele já fizera em “Domenica de Agosto” e<br />

depois faria, mas com mais sentido de unidade, em “Ragazzè della piazza<br />

d’Espagne”. Emmer nos conta ao mesmo tempo a história de vários<br />

personagens, cujas aventuras muitas vezes se, entrecruzam. Toda a película se<br />

baseia na observação de fatos humanos cotidianos e de tipos curiosos, na<br />

narração de acontecimentos ora cômicos, ora românticos, de maneira leve e<br />

despretensiosa. Sua ação, porém, se passa inteiramente em Paris, e, ao que<br />

parece, Emmer não se sentiu muito à vontade com isso. Não podemos notar<br />

nesse seu filme a naturalidade, a humanidade simples de suas outras<br />

realizações. As situações são geralmente falsas, tendendo para as<br />

simplificações injustificadas e para a chanchada; e todos os demais defeitos que<br />

citamos acima estão presentes nessa fita, que o bom desempenho do elenco,

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