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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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BOMBEIRO ATÔMICO<br />

10.09.54<br />

(“El Bombero Atômico”). México, Direção de Miguel Manzano, Elisa Quintilha e<br />

outros Distribuição: Cantinflas (Mario Moreno), Roberto Soto, Miguel Manzano,<br />

Elisa Quintanilla e outros. Distribuição da Pelmex. Em exibição no Art-Palacio e<br />

circuito.<br />

Cot.: Fraca No gênero comédia: Muito Boa<br />

Cantinflas está em plena forma em “El bombero atômico”. Sua fita é<br />

uma gargalhada do começo ao fim. E peço ao leitor que não se espante, se<br />

dizemos isso.<br />

Cantinflas é um grande cômico, embora tenha sempre péssimos<br />

roteiristas e o eterno e lamentável Miguel M. Delgado como o diretor, para<br />

realizar seus filmes. Temos assim uma comédia, que cinematograficamente, à<br />

luz de um julgamento absoluto, é fraca, mas que só pela presença de Mario<br />

Moreno se torna engraçadíssima e merece ser vista.<br />

Cantinflas situa-se entre os cômicos mais autênticos que o cinema já<br />

produziu. Aquele vagabundo, com suas calças abaixo do umbigo, uma camisa<br />

de meia compridíssima, o trapo servindo de paletó, a barba sempre por fazer e<br />

o bigodinho que mais parece uma sujeira junto à comissura dos lábios, — é um<br />

discípulo de Carlitos, não só pela sua própria figura, como também por muitas<br />

soluções que temos visto nos seus filmes. Entretanto isto não nos dá o direito<br />

de chamá-lo de imitador de segunda categoria; de segunda ou terceira classe<br />

são apenas os seus roteiristas e o diretor. Ninguém poderá negar a Cantinflas<br />

uma personalidade inconfundível. Enquanto Carlitos é o vagabundo elegante e<br />

digno Cantinflas é acafajestado, e malicioso; um é o galanteador cavalheiresco;<br />

o outro vive geralmente entre as companhias menos recomendáveis. Ambos<br />

são humanos e melodramáticos, embora não haja dúvida de que Chaplin atingiu<br />

com seu Carlitos um nível de poesia, humanidade e beleza que Mario Moreno<br />

não teve ainda a fortuna de alcançar. A grande diferença entre os dois, no<br />

entanto, é que um é mudo e não aprendeu a falar, enquanto que o outro é a<br />

própria loquacidade. Fala pelos cotovelos. Sua mímica é brilhante, fora do<br />

comum e para falar e improvisar (por que está se vendo que muitas das<br />

melhores piadas são improvisadas) não há nenhum cômico como ele. Seus<br />

filmes podem decair de vez em quando para a chanchada, como chegou a<br />

acontecer em “Bombeiro atômico” mas Cantinflas é sempre um artista, que<br />

admiramos como o público admira, sem sofisticação, sem idéias preconcebidas,<br />

sem exigências intelectuais que sabemos impossíveis, mas com o espírito

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