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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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DOIS FILMES TÍPICOS<br />

10.03.54<br />

Dois filmes bem característicos do cinema norte-americano, realizados<br />

respectivamente por produtor e um diretor interessante, foram exibidos em São<br />

Paulo e, embora não gostemos de analisar duas películas em uma mesma<br />

crônica, pois o espaço que temos já é pequeno para um único filme, vamos hoje<br />

reunir, em um comentário só, essas duas fitas que se podem dizer protótipos<br />

das produções de Hollywood.<br />

O primeiro filme é “Os turbulentos”, produção de Harry Joe Brown para<br />

a Columbia, com Broderick Crawford e John Derek nos principais papeis. Há<br />

alguns anos surgiu em São Paulo um grupo de críticos e estudiosos do cinema<br />

que, tentando dar a crítica cinematográfica rumos novos, descobriram esse<br />

produtor e o consideram um renovador do clássico “western”, em virtude de<br />

suas películas “Águas sangrentas”, “Sete homens maus”, “A lei implacável”<br />

etc. Infelizmente, porém, não assistimos a esses filmes, só conhecendo dele a<br />

sua fase de decadência, e portanto preferimos apenas fazer uma notação do<br />

fato.<br />

“Os turbulentos” o último filme de Harry Joe Brown, é um “far-west”<br />

realizado nos moldes clássicos de Hollywood. Não se trata, porém, desses<br />

pastelões coloridos, como “Hondo”, por exemplo, nem se pode incluir dentro<br />

da produção vulgar de fitazinhas classe C. Sem atingir ao nível dos grandes<br />

“Westerns”, como “O matador”, “Winchester 73”, ou “Matar ou morrer”, “Os<br />

turbulentos” é uma película das mais corretas e inteligentes. É antes de tudo<br />

uma fitinha, suas personagens são meros clichês, suas situações, vulgares, seu<br />

conteúdo humano ou poético, inexistente. Possuiu, porém, um excelente roteiro<br />

de Kenneth Gammet, concebido com grande inteligência, originalidade e<br />

sentido de cinema, e isto, aliado a bons atores e ao apuro técnico da Columbia,<br />

fez com que tivéssemos uma película perfeitamente aceitável. Se Harry Joe<br />

Brown contasse com um diretor melhor do que Alfred Werker e se tentasse dar<br />

ao seu filme uma amplidão maior, poderíamos ter uma excelente realização.<br />

Tal não se dá, porém, e “Os turbulentos” limita-se a ser um filme inteligente,<br />

uma película de uma simplicidade e de uma precisão que são o resultado de<br />

muitos anos de prática, e que só em Hollywood seria possível realizar.<br />

O segundo filme é “A volta ao paraíso”, dirigido por Mark Robson e<br />

produzido por ele e por Robert Wise, que são os sócios fundadores da nova<br />

companhia independente Aspen Robson foi lançado como diretor por Val<br />

Lewton e depois se fez notar pela direção de filmes como “O invencível”

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