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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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INGÊNUA LIBERTINA<br />

17.09.54<br />

(“Minne, I’ingenue libertine”). França. Direção de Jacqueline Audry. Produção de<br />

Claude Dobert. Roteiro de Pierre Laroche, baseado em novela de Collete. Música<br />

de Vicente Scoto. Fotografia de Marcel Grignon. Elenco: Danielle Delorme,<br />

Frank Villard, Armontel, Jean Tissier e outros. Produção da Codo Cinema.<br />

Distribuição da França Filmes. Em exibição no Jussara.<br />

Cot.: Boa No gênero drama.: Idem<br />

Embora possa ser considerado algo imoral, pela naturalidade e ausência<br />

da crítica com que apresenta o adultério, “A Ingênua libertina” é um filme<br />

delicado, uma fitazinha lembrando muito um trabalho de iluminura, em que,<br />

através de aguçada observação psicológica, da ironia e da pintura de uma<br />

sociedade elegante de fim de século, se revela toda a sensibilidade feminina de<br />

suas realizadoras. Falta-lhe força dramática, poesia, e as dimensões da<br />

verdadeira obra de arte, mostrando bem os limites de Jaqueline Audry, mas<br />

compensando de uma certa forma essas falhas, possui um caráter malicioso e<br />

brincalhão, que leva fatalmente à crítica da sociedade, que descreve.<br />

Como podem ver, portanto, os nossos leitores, “Minne, I’ingenue<br />

libertine” é uma película bem típica de Colette (a fita baseia-se em uma de suas<br />

novelas) e de Jacqueline Audry, a responsável por “Olívia” e “O brotinho e as<br />

respeitosas”. Minne é uma jovem parisiense da alta burguesia, que um dia se<br />

casa por conveniência social, com o primo, bom rapaz, mas ingênuo e crédulo.<br />

Minne é uma romântica, que na noite de núpcias inventa para o marido uma<br />

história escabrosa sobre um seu pretenso amante, e ele naturalmente não<br />

acredita em nada. Minne, todavia, não ama o marido, e não encontra no sexo<br />

uma solução para o seu romantismo burguês. Resolve, então, arranjar amantes,<br />

mas o faz com tamanha frieza, à procura de algo maravilhoso que ela<br />

provavelmente leu em livros para mocinhas, que naturalmente não encontra<br />

nada. Ela pensava resolver o problema através do sexo, e o único resultado é a<br />

decepção. E essa história Jacqueline Audry e o cenarista Pierre Laroche vãonos<br />

contando com inteligência, irônico poder de observação e finura,<br />

apresentando-nos tipos curiosos, mostrando-nos toda a superficialidade,<br />

cretinice e imoralidade daquele mundanismo sem conseqüências. Em nenhum<br />

momento, porém, a realizadora de “Gigi”, que dirige o filme com muita<br />

precisão, construindo enquadrações que lembram miniaturas, mas não possui<br />

nenhum vigor na sua linguagem cinematográfica, em nenhum momento,<br />

dizíamos, ela faz uma crítica qualquer mais violenta, cria um momento de<br />

maior tensão.

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