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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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O PARIA DAS ILHAS<br />

13.04.54<br />

(“Outcast of the Island”). Inglaterra, 51. Direção e Produção de Carol Reed.<br />

Roteiro de William Fairchild, baseado em romance de Joseph Conrad. Fotografia<br />

de John Wilcox. Música de Brian Easdale. Elenco: Trevor Howard, Ralph<br />

Richardson, Kerima, Robert Morley, Wendy Hiller e George Coulouris. Produção<br />

da London Films.<br />

Cot.: Regular Gen.: Drama<br />

Os últimos filmes de Carol Reed, exibidos em São Paulo em um espaço<br />

de pouco mais de um ano, vêm evidenciando uma lamentável decadência por<br />

parte de seu realizador, ou pelo menos um claro sentido descendente na<br />

qualidade de suas produções. Partindo de um filme sob muitos aspectos<br />

brilhante como “O ídolo caído” (1949), passamos por “O terceiro homem”<br />

(1949-50) e agora temos finalmente a mais fraca de suas fitas, “O paria das<br />

ilha” (1951), onde os defeitos que pudemos observar nos primeiros filmes se<br />

acentuaram ainda mais. Entretanto, deve ficar bem claro que, se demos a essa<br />

película a cotação (regular), foi porque não podíamos considerá-la boa, nem<br />

má, o que, porém, não significa que se trate de uma fita medíocre. A última<br />

coisa que Carol Reed faria seria um filme dessa natureza.<br />

Em “Outcast of the Island”, o realizador de “Sob a luz das estrelas”<br />

abandonou a colaboração do impressionante escritor e roteirista católico<br />

Graham Greene, com quem fizera vários filmes, para apoiar-se em um romance<br />

homônimo do famoso escritor inglês (embora nascido na Polônia) Joseph<br />

Conrad, um dos detentores do prêmio Nobel. Todavia, não nos parece que<br />

Reed tenha sofrido um choque muito grande com a mudança, pois se esses dois<br />

autores apresentam certas posições perante a vida fundamentalmente opostas,<br />

possuem também pontos de contacto numerosíssimos. Tanto um como outro<br />

são grandes descritores da natureza, que influi decisivamente no drama de suas<br />

personagens, ambos sabem criar uma atmosfera sufocante, são trágicos, algo<br />

fatalistas, e criam personagens marcantes na sua derrota.<br />

Da mesma forma que, em seus outros filmes, Carol Reed soube recriar a<br />

atmosfera e guardar o espírito fundamental da obra de Graham Greene, em “O<br />

paria das ilhas” ele respeitou o conteúdo fundamental da novela de Conrad.<br />

Consideramos sempre o diretor de “O condenado” como um dos maiores<br />

criadores de clima em cinema, e neste filme ele confirmou nossa opinião.<br />

Também sua enquadração riquíssima na variedade dos planos, na sua rapidez e<br />

no seu imprevisto, sua notável capacidade de movimentar a câmara e o uso

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