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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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A UM PASSO DA ETERNIDA<strong>DE</strong><br />

12.06.54<br />

(“From here to eternity”). EUA. 53. Direção de Fred Zinneman. Roteiro de Daniel<br />

Taradash. Novela de James Jones. Produção de Budy Adler. Elenco: Burt<br />

Lancaster, Montgomery Clift, Donna Reed, Débora Kerr, Frank Sinatra, Ernest<br />

Borgnine, Jean Willes e outros. Produtora e distribuidora: Columbia. Em exibição<br />

no Ipiranga e circuito.<br />

Cot.: ótimo Gen.: Drama<br />

Não obstante não nos cansemos de apontar nestas colunas os muitos<br />

erros e falhas do cinema norte-americano, na verdade somos seu sincero<br />

admirador. E os nossos melhores argumentos são filmes como “Um lugar ao<br />

sol”, “Chaga de fogo” “Crepúsculo dos Deuses”, “Cantando na chuva”, “A<br />

montanha dos sete abutres”, “Depois do Vendaval”, como “A um passo da<br />

eternidade”. Neste filme, uma obra tipicamente coletiva, o diretor Fred<br />

Zinneman, o romancista James Jones e o roteirista Daniel Taradash, auxiliados<br />

por toda uma excelente equipe de técnicos e atores, reuniram todo o seu talento<br />

para realizar uma obra realmente extraordinária, pela sua beleza, vigor,<br />

humanidade e poder dramático. Não nos parece que haja agora motivo para<br />

querermos delimitar o que pertence especificamente a um ou a outro dos<br />

autores da fita, que, como obra de arte acabada, é o fruto de uma colaboração<br />

íntima de todos. Não há dúvida de que ao romance de James Jones deveremos<br />

atribuir especialmente o fundamento humano, psicológico e mesmo dramático<br />

do filme, mas a Taradash, e especialmente a Zinneman, coube dar toda forma<br />

cinematográfica do filme, coube transmitir em termos eminentemente de<br />

cinema toda aquela gama de sentimentos, problemas e situações que existiam<br />

na obra de Jones, e que eles valorizaram extremamente no filme, interpretandoos,<br />

sintetizando-os, dando-lhes vida com recursos alheios aos da literatura.<br />

“From here to eternity” é um filme autenticamente norte-americano pela<br />

pureza formal, perfeição técnica, alta classe do elenco e, principalmente, pelo<br />

individualismo do problema de cada personagem, cujo drama não tem nada de<br />

social (o que não é nenhum defeito, contrariamente ao que pensa certa gente...),<br />

embora seja produto de uma realização coletiva, como afirmamos acima. O<br />

trabalho do roteirista Daniel Taradash, a quem devemos o cenário de “Almas<br />

desesperadas”, é de primeira classe pelo espírito de síntese, pela excelência dos<br />

diálogos, pela estrutura orgânica, embora aparentemente desuna do roteiro<br />

(amanhã quando abordarmos o tema central do filme, trataremos melhor desta<br />

questão), E Fred Zinneman, que vinha se demonstrando diretor irregular até<br />

“Tereza”, merecendo no entanto a atenção da crítica por filmes como “Perdidos

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