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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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MATAR OU CORRER<br />

12.12.54<br />

Brasil. 54. Direção de Carlos Manga. Elenco: Oscarito, Grande Otelo, John<br />

Herbert, José Lewgoy, Renato Restier, Inalda, Altair Vilar, Juli e outros. Produção<br />

da Atlantida. Distribuição da U.C.B. Em exibição no Art-Palacio e circuito.<br />

Cot.: Fraco Caract.: Pastelão divertido<br />

Se formos analisar “Matar ou correr” sob o ponto de vista de crítico, sob<br />

o prisma cinematográfico e artístico, concluiremos que se trata de um péssimo<br />

filme. Entretanto, quem não tem essa preocupação, se divertira francamente<br />

com a fita. E não é para menos. O filme não possui grandes piadas, nenhuma<br />

originalidade maior, mas só a presença de Grande Otelo e Oscarito, com a sua<br />

comunidade de pastelão, obriga-nos a rir. E por mais mal feita e malograda que<br />

seja a comédia, saímos satisfeitos do cinema, pouco nos importando que tudo<br />

aquilo não ultrapasse a palhaçada vulgar. E se alguém objetar que um filme<br />

dessa ordem não poderá divertir pessoas de bom gosto, porque ficaram com a<br />

sensibilidade ferida, teremos que concordar que esse alguém, ou é muito<br />

sofisticado, ou muito bilioso. O sucesso de público de “Matar ou correr”<br />

provará o que estamos afirmando.<br />

Mas pensando melhor, temos que dizer: pobre cinema nacional.<br />

Atravessando uma crise das mais sérias, a única coisa que consegue êxito é<br />

uma fita dessa espécie. É desanimador. Nesses momentos o futuro do nosso<br />

cinema torna-se sombrio. “Matar ou correr” possuía uma inicial<br />

interessantíssima. Poderia constituir-se em brilhante sátira ao “western” norteamericano.<br />

Mas acabou limitando-se a revelar a mediocridade dos nossos<br />

cineastas.<br />

Pretendia-se satirizar um gênero cinematográfico e o que se fez foi<br />

realizar-se mais um filme desse gênero e bastante ruim. A intenção de sátira só<br />

permaneceu nos nomes Cisco Kada, Jesse Gordon, Kid Bolha, City Down. A<br />

comicidade do filme derivou dos recursos da chanchada e nunca da ironia<br />

inteligente. Carlos Manga revelou progressos, mas continua um mau diretor. O<br />

nível de produção da Atlantida permanece fraco. No elenco os melhores foram<br />

Grande Otelo, John Herbert e Renato Restier. José Lewgoy tinha um papel<br />

ingrato, mas se saiu a contendo. Oscarito faz-no rir realmente não tem recursos<br />

de ator cinematográfico. Altair Vilar e Juli revelaram-se péssimos. Temos, no<br />

entanto que saudar uma nova e linda estrela do cinema nacional, Inalda. Teve<br />

um trabalho regular, mas poderá melhorar muito ainda, e, indiscutivelmente,<br />

possui uma beleza fora do comum.

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