09.05.2013 Views

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

MOGAMBO<br />

17.08.54<br />

(“Mogambo”). EUA. 53. Direção de John Ford, Produção de Sam Zimbalist.<br />

Roteiro de John Lee Mahin,baseado em história de Wilson Collinson. Fotografia<br />

em tecnicolor de Robert Surtees e F. A. Çoung. Elenco: Ava Gardner, Clark<br />

Gabler, Grace Kelly, Donald Siden, Dennis O’Dea e outros. Produção e<br />

distribuição da M. G. M., em exibição no cine Metro.<br />

Cot.: Regular No gênero aventuras: Muito bom<br />

“Mogambo” correspondeu perfeitamente às nossas expectativas. Tratase<br />

de uma das obras menores de John Ford, do tipo de “O céu mandou<br />

alguém”, “Legião invencível”, ‘Rio Bravo”. Como filme de aventuras, é claro,<br />

é muito bom, pois Ford é um grande diretor e jamais deixou a parte formal de<br />

suas películas de lado, mas à luz de uma análise mais ampla o filme é apenas<br />

aceitável. De qualquer forma, porém, como um divertimento, merece ser visto<br />

por todos aqueles que apreciam uma obra bem humorada e dinâmica.<br />

O pano de fundo do filme é a África do Sul, onde um caçador<br />

profissional vai a uma excursão no meio da selva e no meio de duas lindas<br />

mulheres, que evidentemente se apaixonam por ele. Durante todo o filme<br />

vemos as ciumeiras das duas mulheres ou a caça dos animais selvagens. Como<br />

se vê, trata-se de um tema bastante batido, cujo maior interesse está apenas em<br />

uma certa valorização das relações entre os personagens. De qualquer forma,<br />

porém, a história de Wilson Gollinson é positivamente muito fraca. E o roteiro<br />

de John Lee Mahin não é muito melhor. Limitou-se ele a arrumar as seqüências<br />

em uma ordem mais ou menos correta, precipitando os acontecimentos no<br />

final. Devemos a ele, também, algumas boas piadas, mas indiscutivelmente<br />

toda a responsabilidade de fazer de “Mogambo” uma fita digna ficou para John<br />

Ford.<br />

Este dirigiu o filme com a habitual classe. Ford aceita roteiros e histórias<br />

de segunda classe tão facilmente quanto os grandes cenários, mas ele tem o<br />

segredo de em todos os filmes deixar a marca de sua personalidade e de seu<br />

estilo. Vigoroso, brilhante, amplo, alternando o riso com a poesia como um<br />

verdadeiro artista, Ford sabe o que é fazer cinema e um filme seu é<br />

perfeitamente distinguível dos demais. Em “Mogambo” ele não pôde dar largas<br />

ao seu imenso talento, como aconteceu ainda recentemente em “Depois do<br />

vendaval” e mesmo em “Sangue por glória”, pois não tinha tantas<br />

oportunidades, mas soube pelo menos realizar um filme de aventuras brilhante,<br />

embora possuindo os defeitos que são próprios ao gênero.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!