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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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O RÁBULA <strong>DE</strong> <strong>DE</strong> SICA<br />

29.06.54<br />

Christian Jaque e Henri Jeanson estão dando os últimos retoques à<br />

cenarização de “A Du Barry”, filme que, sob a direção do primeiro, será<br />

proximamente realizado em tecnicolor, numa produção italo-francesa. Martine<br />

Carol interpretará o papel da pequena merceeira, que se tornou amante de Luis<br />

XV e acabou no cadafalso. No tempo do cinema silencioso, mais exatamente,<br />

em 1919, a história de Madame Du Barry foi levada à tela, na Alemanha, pelo<br />

extraordinário Lubitsch, com Pola Negri no papel da protagonista<br />

Antes de iniciar a filmagem de “O ouro de Nápoles”, Vittorio De Sica, o<br />

grande realizador de “Umberto D”, “Ladrões de bicicleta” e “Sciuscia” teve de<br />

realizar notáveis esforços para encontrar nas ruas e becos napolitanos alguns<br />

interpretes para o filme. De Sica procurava, especialmente, um tipo de<br />

advogado chicaneiro, desses que ficam à porta de delegacias e tribunais<br />

aguardando o possível cliente e que são em Nápoles tipos característicos.<br />

Enquanto os atores profissionais contratados aguardavam a chamada para a<br />

cidade do Vesúvio (entre eles participam da película Totó, Silvana Mangano,<br />

Alberto Farnese e Paolo Stoppa), o diretor percorria afanosamente as ruas, à<br />

procura do tipo físico do qual precisava. Encontrou-o finalmente, na pessoa de<br />

um velhote, que estava sossegadamente sentado num portão, lendo Jornal. Não<br />

foi fácil decidi-lo a iniciar a carreira cinematográfica. “Estou com 78 anos”,<br />

objetava muito justamente o homem, “e já tenho muitas encrencas. Faça-me o<br />

favor de deixar-me em paz”. De Sica, que também é napolitano, teve que<br />

recorrer a toda a sua eloqüência para persuadi-lo. O tipo de rábula que o diretor<br />

tanto procurava e afinal achou, chama-se Giovanni Francese, é filho<br />

paupérrimo de um eminente advogado, já falecido, trabalhava como secretário<br />

de outro causídico e tem três netos.<br />

Teve início a filmagem nos arredores de Parma, com as cenas em<br />

exteriores, de “Donne e soldati” (“Mulheres e soldados”), com que os<br />

documentaristas italianos Luigi Malerba e Antonio Marchi estréiam na direção<br />

de filmes de longa metragem e de enredo. A película narra as aventuras de um<br />

exército de lansquenetes durante o sítio de um castelo; os terríveis soldados<br />

acabarão pacatos camponeses e se cansado com as moças do lugar. A<br />

protagonista feminina da história é Marcella Mariani (Miss Itália <strong>1954</strong>), outra<br />

vencedora de um concurso de beleza que conquista, assim, seu lugar ao sol dos<br />

refletores cinematográficos. Se os diretores se compararem a Luciano Emmer,<br />

que iniciou sua carreira como documentarista, e se a atriz for do porte de Lucia<br />

Bosé, que também já foi “miss” Itália, poderemos ter um filme e excelente.

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