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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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REVISTA <strong>DE</strong> <strong>CIN<strong>EM</strong>A</strong><br />

26.11.54<br />

Está a venda em São Paulo o sétimo número da “Revista de Cinema”, de<br />

Belo Horizonte, a única publicação brasileira digna de respeito sobre cinema.<br />

Queremos salientar dois artigos, nesse número. Sob o título geral,<br />

“Revisão de Método Crítico”, três críticos de cinema marxistas, Alex Viany,<br />

Fritz Teixeira de Salles e Salvyano Cavalcanti de Paiva escreveram<br />

anteriormente cada um deles um artigo sobre estética cinematográfica. Nesta<br />

sua edição de outubro, a “Revista de Cinema” pública a primeira parte de um<br />

artigo de Cyro Siqueira, em que ele refuta e apresenta as profundas<br />

contradições das idéias dos três teóricos. É um artigo que muito<br />

inteligentemente põe a nu o primarismo dessas idéias (que alguns marxistas, é<br />

verdade, têm dito ser uma deturpação da verdadeira estética de Marx), e merece<br />

ser lido.<br />

Falando sobre o problema forma conteúdo, que é o que mais preocupa<br />

aqueles três críticos, o articulista comenta: “Já não se trata, portanto, de<br />

dualidade primitiva entre representação e categoria, ou entre tema e realização<br />

mas sã entre tema e tema, isto é, entre tema anti-russo (formalista) e o tema<br />

pró-russo (contenudista)”. Notamos que “formalismo” significa defeito, para<br />

eles, enquanto “contenudismo”, beleza… E prossegue Cyro Siqueira, que é um<br />

dos diretores da “Revista de Cinema”: “O formalismo seria, dessa maneira, a<br />

negativa das boas qualidades de um sistema de vida mas não das qualidades de<br />

qualquer sistema de vida, e sim do sistema comunista. Encontramo-nos já então<br />

sem amparo de nenhuma espécie, não estético, porque de estética ainda não se<br />

tratou, mas de ordem cognoscitiva, a fim de podermos distinguir, pelo<br />

conhecimento, o que seja tema contenudistico e tema formalista, confusão que<br />

aumenta se nos lembrarmos da existência de estados políticos intermediários<br />

como o da Iugoslávia, etc”. E mais além, deixando a crítica aos três técnicos de<br />

lado define muito bem o fundamento da outra cinematográfica, o ritmo<br />

(diríamos também montagem), que os comunistas não compreendem: “E ritmo<br />

não é macumba”: é aquilo que permite a configuração real da obra<br />

cinematográfica artisticamente válida, o que a diferencia de todas as artes<br />

narrativas ou espetaculares”.<br />

Também merece ser lida a primeira parte do artigo de José Francisco<br />

Coelho, “O neo-realismo italiano escola cinematográfica!, que ele conclui<br />

muito bem desta forma”... como movimento de base estética, não houve uma<br />

escola neo-realista no cinema italiano. Não houve, pelo menos, no sentido em

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