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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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de coragem. E também é necessário que lembremos que a personalidade de<br />

Umberto, velho funcionário público aposentado, de existência totalmente<br />

falida, homem medíocre e vulgar, medroso e débil, se chocava com a solução<br />

desesperada do suicídio, ainda mais quando sabemos que ele amava muito a<br />

vida. Mas alguém poderá objetar que dessa forma um filme, vazado todo ele<br />

em tons pessimistas e tristes, teve um final contraditório, otimista. Não<br />

concordamos. O fim de “Umberto D” não é otimista: apenas a fita não tem<br />

solução, o que aliás, é bem típico do neo-realismo e especialmente de De Sica.<br />

A um certo momento as lentes do cinema focalizaram uma determinada pessoa<br />

e depois deixaram de focalizar; sua vida porém, continua e na retratação da<br />

realidade, não podemos exigir uma “solução”. Esta é a teoria do realismo<br />

fenomelógico autêntico, era isto que víamos em “Ladrões de bicicleta”,<br />

“Umberto D” seguiu a linha.<br />

Quanto à acusação de que o final é “Chapliniano”, ela é correta. Contém<br />

apenas um erro: ninguém pode fazer disso uma “acusação”, mas apenas uma,<br />

verificação. E afinal há muitos pontos de contacto entre a obra de Charles<br />

Chaplin e a de Vittorio De Sica, como veremos amanhã.

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