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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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VÍTIMA <strong>DE</strong> SUA CONSCIÊNCIA<br />

10.02.54<br />

(“Crime y Castigo”) México. Direção de Fernando Fuentes. Elenco: Roberto<br />

Canedo, Lilia Prado, Carlos Moctezuma, Fanny Schiller e outros, Pel Mex. Em<br />

exibição no Broadway e circuito.<br />

“Vítima de sua consciência” é um filme mexicano. Esta simples palavra,<br />

“mexicano”, qualificando um filme, vem servindo ultimamente quase que para<br />

defini-lo desfavoravelmente dada a baixíssima qualidade das produções<br />

daquele país. Fala-se em película realizada no México e logo se é obrigado a<br />

pensar em um dramalhão preferivelmente musicado, a não ser que se trate de<br />

uma comédia de Cantinflas. O atual cartaz do Broadway, porém, foge a essa<br />

regra. Não se trata de uma película excepcional, mas pode ser vista com certo<br />

interesse.<br />

“Vítima de sua consciência” é a adaptação cinematográfica do belíssimo<br />

romance de Dostoiewski, “Crime e castigo”, uma das obras primas da literatura<br />

universal. Esta não é a primeira nem a segunda adaptação que se faz desse<br />

romance. As obras do genial escritor russo vem sendo vertidas para o cinema<br />

desde os primórdios de sua história. Nunca, porém, atingiram o nível da<br />

realização literária e chegamos mesmo a duvidar que algum dia atinjam. Esta<br />

última película é um bom exemplo disso. Foi ela realizada com carinho, com<br />

interesse, procurou-se manter o mais possível o espírito da obra literária e no<br />

entanto a distância entre uma e outra realizações é imensa.<br />

O maior valor de “Vitima de sua Consciência”, naturalmente, reside na<br />

obra de Dostoiewski. A impressionante e infeliz história do jovem e doentio<br />

Raskalnikkof (no filme Ramon Bernal), além de seu profundo sentido humano,<br />

apresenta grandes possibilidades para uma adaptação cinematográfica.<br />

Infelizmente, porém, os realizadores da fita, apesar de sua boa vontade, não<br />

souberam aproveitar a oportunidade que lhes apresentava o grande romance e o<br />

transformaram em um simples filme policial psicológico de interesse relativo.<br />

Não enveredaram, é verdade, pela trilha do dramalhão nem se demonstraram<br />

pretensiosos, mas de toda a tragédia do herói do livro, da frágil Sonia e de sua<br />

família, de toda a sua miséria, de todo o drama em que são implacavelmente<br />

envolvidos, temos no filme apenas um reflexo muito débil. Algumas das<br />

passagens mais belas do imortal romance foram suprimidas ante a necessidade<br />

de simplificação E além disso, na direção, Fernando Fuentes teve um único<br />

mérito: não cometeu excessos. Pendeu antes para uma lamentável<br />

inexpressividade, que torna a fita muitas vezes cansativa, principalmente no seu<br />

início, muito destituído de ação, no qual um locutor fala ininterruptamente .

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