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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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UM LEÃO ESTÁ NAS RUAS<br />

01.10.54<br />

(A lion is in the streets”). EUA. 54. Direção de Raoul Walsh. Produção de<br />

William Cagney. História de Adric Langley. Música de Franz Waxman,<br />

Fotografia de Harry Stradlyng. Elenco: James Gagney, Bárbara Hale, Anne<br />

Francis, Lon Chaney, John McIntire e outros. Em exibição no Art-Palacio e<br />

circuito.<br />

Cot.: Bom No gênero drama: Idem<br />

“Um leão está nas ruas” é um filme em que as qualidades e os defeitos<br />

se misturam e se entrechocam de maneira curiosa. Em primeiro lugar deve ficar<br />

estabelecido que não se trata de uma película de rotina, de linha de produção de<br />

Hollywood. Baseada em uma novela de sucesso, põe em foco a agitada vida de<br />

um político, que, dizendo-se defensor dos humildes, surge do nada como<br />

símbolo de verdadeira aspiração das populações pobres do seu Estado. A<br />

personalidade desse homem, vivida na tela por James Cagney, é tão<br />

extraordinária quanto autêntica. Homem que sabe tocar a fundo a sensibilidade<br />

humana, é ao mesmo tempo um demagogo inato.<br />

Simples na forma de pensar, alegre, simpático, bem intencionado, muito<br />

franco e com grande coragem e capacidade de iniciativas, é ao mesmo tempo<br />

um tipo humano e excepcional. Julgando possuir a verdade, ele usa de todos os<br />

meios para levar adiante as suas idéias. Jamais pensa nas conseqüências.<br />

Dirigente de homens por excelência, torna-se quase que um mito para os seus<br />

eleitores. Mas, por mais bem intencionado e honesto que pareça, um dia acaba<br />

traindo o povo, revelando, então, inclusive para si mesmo, que a ambição do<br />

poder era muito mais forte nele, do que o idealismo. E o filme termina com,<br />

uma frase de Lincoln: “É possível ludibriar alguns por todo o tempo, e todos<br />

por algum tempo, mas não é possível ludibriar todos por todo o tempo”. É<br />

curioso como podemos tirar analogias deste filme, para a atual campanha<br />

política, especialmente em relação a um dos candidatos ...<br />

A maior qualidade de “Um leão esta nas ruas”, portanto, é a de ter<br />

criado um personagem autêntico, que ao mesmo tempo serve como uma<br />

advertência para todos aqueles que tem direito ao voto. Não podemos negar<br />

também vigor à direção de Raoul Walsh e ao desempenho do elenco, inclusive<br />

de James Cagney, que tem aliás, um papel bem de acordo com o seu tipo. A<br />

primeira deficiência, todavia, que notamos no filme está na própria direção de<br />

Walsh, que, apesar de conhecedor da linguagem cinematográfica, é um diretor<br />

despersonalizado e sem grande sensibilidade, Além disso, o roteirista,

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