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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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CRIMINOSO NÃO DORME<br />

03.09.54<br />

(“Gunman in the street”). França-EUA. Direção de B. Lewin. Roteiro e história de<br />

Jacques Companeez. Produção de Victor Pahlen, que colaborou no roteiro, e de<br />

Sacha Gordine e Rudolf Monter. Fotografia de Eugene Shuftan. Música de Joe<br />

Hajos., Elenco: Dane Clark, Simone Signoret, Fernand Gravey, Robert Duke e<br />

outros. Distribuição da RKO, em exibição no Bandeirantes e circuito.<br />

Cot.: Bom No gênero policial: Ótimo<br />

“O criminoso não dorme” não é um filme totalmente francês; fala-se<br />

inglês na fita e dois de seus atores assim como a maior parte de seu capital são<br />

americanos. Isto, no entanto, não impediu que a fita seja essencial,<br />

estruturalmente francesa, desde a sua fotografia (o cinegrafista foi o ótimo<br />

Eugene Shuftan) até o seu tema idealizado por, Jacques Companeez. “Gunman<br />

in the street” é um policial de primeira classe, mas em vários momentos<br />

ultrapassa os limites do gênero, atingindo a dimensão do drama pessimista do<br />

realismo negro de Duvivier e Carné.<br />

O filme é a história de um grande criminoso, que foge de um carro de<br />

presos, antes de ser julgado, e depois é auxiliado pela amante e por um<br />

repórter, a fim de sair do país. Certas cenas do filme evidenciam a influência<br />

americana, como o tiroteio inicia1 e o final, a fuga na grande loja; outras são<br />

típicas do policial francês, de caráter intimista e passional; mas quando se trata<br />

do conflito amoroso formado pelos três personagens principais da fita, então<br />

estamos diante do drama francês por excelência; daquele enorme pessimismo,<br />

daquela falta de esperança, do fatalismo e da poesia que imortalizaram os<br />

filmes de Julien Duvivier, Marcel Carné, André Georges Clouzot,<br />

influenciando todos os demais cineastas da França. E então Denise, o<br />

personagem vivido por Simone Signoret, ganha brilho. Perto da ótima atriz,<br />

que foi favorecida por um excelente papel, os demais atores somem,<br />

restringindo-se ao convencionalismo dos filmes policiais. E assim o filme é a<br />

história do drama de Denise, a mulher profundamente humana que, movida por<br />

fatores imponderáveis, não sabe como se decidir entre os dois homens que a<br />

amam, ganhando o seu drama no fim os foros de tragédia.<br />

Tudo isso, evidentemente, é devido em grande parte ao roteiro de<br />

Jacques Companeez, que também foi o autor da história. Companeez cenarizou<br />

o ótimo filme de Jean Dreville, “Estranha coincidência” (que aliás vai ser<br />

exibido brevemente no Museu de Arte), além de vários outros policiais de<br />

última qualidade. Seu trabalho em “O criminoso não dorme” é perfeito

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