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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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5 POBRES NUM AUTOMÓVEL<br />

07.11.54<br />

(“5 poverie in un automobile”). Itália. Direção de Mario Mattoli. Roteiro de vários<br />

colaboradores, sobre história de Zavattini. Distribuição da Áurea Filmes. Em<br />

exibição no Bandeirantes e circuito.<br />

Cot.: Péssimo No gênero comédia: Mau<br />

O cinema italiano do após-guerra apresentou ao mundo o realismo<br />

social, chamado arbitrária e erradamente de neo-realismo. Essa forma de<br />

expressão, embora mantivesse alguns caracteres constantes, não chegou a se<br />

constituir em uma escola, já que cada diretor se manifestava de forma diferente,<br />

o que não impedia de muitos serem autênticos. Uma das maneiras do realismo<br />

social se apresentar foi a comédia, que tem seus mestres em Renato Castellani e<br />

Luciano Emmer. Tivemos então filmes como “Sob o sol de Roma”, “Domingo<br />

de verão”, “É primavera”, “Primeira comunhão”, “Garotas de praça de<br />

Espanha”, o recente “Pão, amor e fantasia” e alguns outros, em que a<br />

humanidade, o espírito de observação, o caráter de crônica, o tom de sátira<br />

conjugado a um certo romantismo, a exuberância peninsular e o fundo social<br />

podem ser apontados como principais características.<br />

Ao lado desse cinema autentico, porém, proliferou um gênero cômico<br />

que, procurando explorar o êxito daquelas películas, caiu na chanchada, no<br />

pastelão e na ridicularia, “5 pobres num automóvel” é um exemplo disso. Narra<br />

as aventuras de cinco pessoas que compram um belíssimo automóvel, com o<br />

dinheiro ganho na loteria, e depois usam-no cada dia um. Na mesma película,<br />

portanto, temos cinco histórias, ligadas por um automóvel. Que histórias,<br />

porém? O que Mario Mattoli nos apresenta são cinco contos aborrecidos, mal<br />

feitos, piegas, tolos, sem graça, sem finura, em tom de pastelão. Depois de<br />

quinze minutos, ficamos irritados com tanto mau gosto.<br />

Entretanto, não poderia ser de outra forma. O diretor Mario Mattoli<br />

rivaliza-se com os piores cineastas do mundo; o roteiro do filme é péssimo; sua<br />

fotografia e sua música de má qualidade; os atores em grande parte medíocres,<br />

sendo que os talentosos nada poderiam fazer com papeis como os que lhe<br />

foram dados para interpretar. Eduardo De Filippo e Aldo Fabrizi são exemplos<br />

típicos do que afirmamos.

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