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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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ESCRAVO DO VÍCIO<br />

20.08.54<br />

(“L’Esclave”). França. Direção de Yves Ciampi. Roteiro de Henri François Rey,<br />

baseado em história de Jacques Dopagne. Música de Georges Auric. Elenco:<br />

Daniel Gehn, Eleonora Rossi Drago, Bárbara Laage, Gerard Landry, Louis<br />

Seigner, Joele Bernard e outros. Produção franco-italiana de Julien Riviére,<br />

distribuída pela França Filmes, Em exibição no Normandie.<br />

Cot.: Regular No gênero drama: Regular<br />

“Escravo do vício” é mais um filme de tese. O tema, desta vez, não<br />

apresenta novidade, pois se trata da toxicômania, a qual o cinema já abordou<br />

muitas vezes, sob diversos aspectos. Já temos falado em diversas ocasiões,<br />

nessa seção, a respeito da crise de pureza que atravessa o cinema, assim como<br />

as demais artes concretas, no mundo moderno dominado pelo problema social.<br />

Não vamos repetir nossas idéias. Diremos apenas que “L’Esclave”, com toda a<br />

sua preocupação de defender a humanidade, não passa do um filme aceitável,<br />

confirmando-se mais uma vez o fato de que não basta um conteúdo humano e<br />

bem intencionado para se fazer um bom filme. Isto pode, pelo contrario,<br />

prejudicá-lo.<br />

Yves Ciampi, neste seu filme, narra a história de um morfinômano,<br />

mostrando-nos a sua lenta decadência, as misérias e dificuldades que ele<br />

encontra para se reabilitar. Yves Ciampi é um médico e em seus filmes ele<br />

aborda sempre temas referentes é medicina, tratando-os especialmente sob esse<br />

ponto de vista. Ele procura ser o mais objetivo possível, fazendo, inclusive, o<br />

diagnóstico clínico de seu personagem. Naturalmente, sempre procura<br />

romancear suas histórias, mas não podemos negar a seus filmes um caráter<br />

quase documentário, o que nos faz lembrar que ele iniciou sua carreira no<br />

cinema como documentarista de filmes científicos. Em “Escravo do vicio”,<br />

principalmente, notamos essa sua tendência. Com o objetivo de profligar a<br />

toxicômania, ele é minucioso e insistente em narrara vida infeliz daquele<br />

homem. O roteiro do filme, aliás muito correto, não foi escrito por ele, mas por<br />

Henri François Rey, baseando-se em idéia de Jacques Dopagne. Entretanto, é<br />

inegável que Ciampi também influenciou o cenário decididamente, dando-lhe<br />

sempre aquele sentido de defesa de tese.<br />

Isto naturalmente prejudicou a fita (aliás seu filme de ficção de estréia,<br />

pois “O curandeiro”, exibido no Festival de Cinema do Brasil, é posterior),<br />

mostrando mais uma vez como é difícil conjugar a pureza da obra de arte, cujo<br />

fim primeiro é o belo, com os temas sociais. E além disso, Ciampi, na direção,

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