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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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CHAPLIN CLUB<br />

10.12.54<br />

Esta para surgir um novo cine-clube. Há pouco mais de uma semana o<br />

Chaplin Club realizou sua primeira sessão, no Museu de Arte Moderna, com a,<br />

apresentação do belo filme de Carlitos, “O garoto”, pertencente à Filmoteca.<br />

Esse clube de cinema foi criado por estudantes o dirige-se especialmente para<br />

estudantes. Está ainda em formação. Pretendem os seus diretores marcar para<br />

breve uma assembléia geral, para sua função oficial. Depois eles pensam em<br />

realizar sessões cinematográficas em várias faculdades e colégios,<br />

consolidando assim seu corpo social, para só depois estabelecer-se em uma<br />

sede central. A idéia parece-nos ótima e merecem o incentivo de todos os<br />

estudantes. Não vamos aqui repetir as vantagens e qualidades de um cineclube.<br />

São evidentes, constituindo a sua existência condição primeira para<br />

qualquer estudo mais sério de cinema. Além disso, o fato de dirigir-se<br />

especialmente para o meio estudantil milita em seu favor, pois essa classe até<br />

hoje não tem um clube de cinema próprio.<br />

Na primeira reunião, apresentando o filme, Alberto Maduar falou a<br />

respeito de Chaplin e de “O garoto” e a um certo momento disse algo que<br />

sempre nos pareceu fundamental em matéria de cinema; afirmou que até hoje<br />

não se conseguiu definir ou saber exatamente o que seja cinema. E portanto não<br />

interessa saber se um filme qualquer, ou, especificamente, um filme de<br />

Chaplin, é cinema ou não, mas se é belo ou sem beleza. Evidentemente não<br />

vamos aprofundar essa questão, nesta crônica. Cremos, todavia, promissor que<br />

um clube de cinema apareça em São Paulo tendo seus diretores essas idéias e<br />

dando ao seu cine-clube o nome de “Chaplin Club”, quando pseudocriticos e<br />

entendidos, em nome de uma revisão crítica qualquer, pretendem negar valor à<br />

obra genial de Charles Sidney Chaplin.<br />

Antes, porém, de terminarmos esta crônica temos uma observação a<br />

fazer. Não foram realizados debates no fim da sessão. Sabemos que por falta de<br />

tempo, visto que logo depois seria exibido outro filme. Esperamos, no entanto,<br />

que para o futuro se evite o mais possível deixar de realizar os debates. Clube<br />

de cinema sem discussão no final perde metade da sua finalidade. Passa a ser<br />

uma mera sala de projeções, que exibe bons filmes antigos, como acontece ao<br />

Museu de Arte e ao Museu de Arte Moderna. E o ideal de estudo e de permuta<br />

de idéias vai por água abaixo.

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