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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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A FAMÍLA EXÓTICA<br />

11.05.54<br />

(“Drôle da drame”). França, l937-38. Direção de Marcel Carné. Roteiro original<br />

de Jacques Prévert. Música de Maurice Jaubert. Fotografia de Shuftan. Elenco:<br />

Michel Simon, Louis Jouvet, Louis Jouvet, Jean Louis Barrault, Jean Pierre<br />

Aumont, Françoise Rosay, Nadine Vogel e outros. Em exibição no Normandie.<br />

Cot.: Bom Gen.: Comédia<br />

“A família exótica”, inesperadamente em exibição no Normandie, é um<br />

filme da primeira fase da obra de Marcel Carné e Jacques Prévert, quando não<br />

haviam realizado suas grandes películas “Cais das sombras”, “Trágico<br />

amanhecer”, “Os visitantes da noite” e “O Boulevard do Crime”, cujos nomes<br />

estão inscritos na história do cinema. Os estilos dos dois não estavam ainda<br />

bem definidos e não se realizara ainda aquela perfeita integração dos mesmos,<br />

que resultaria em obras-primas do cinema. Este filme portanto, apresenta a<br />

virtude de nos proporcionar uma visão mais perfeita desses dois cineastas,<br />

permitindo-nos separar melhor o que se deve a Carné e o que se deve a Prévert<br />

no restante de sua obra realizada em conjunto. Deixaremos, no entanto, esta<br />

análise para a primeira oportunidade e vejamos o filme propriamente dito.<br />

“Drolé de Drame” é uma comédia inteligente, original, bem<br />

interpretada, mas que não se completa. Ela possui elementos para se tornar<br />

completamente hilariantes, mas estes permanecem em potência.<br />

Indiscutivelmente o público ainda ri bastante, mas não como seria de esperar.<br />

O roteiro do filme e conseqüentemente seu espírito parecem-nos bem<br />

típicos de Jacques Prévert poético e trágico dos filmes que citamos acima, mas<br />

o Prévert irreverente, irônico, espirituoso e incisivo de várias de suas poesias.<br />

Conta-nos ele a história de um crime que não se realizou, embora todos<br />

estivessem certos de que ele fora cometido. A ação passa-se na Inglaterra, em<br />

uma cidade do Interior, e Prévert se aproveita para fazer uma ligeira sátira à<br />

Scotland ard e a um ministro protestantes. O que há mais curioso no seu<br />

roteiro, porém, são as personagens que ele cria, magnificamente interpretadas<br />

por Louis Jouvet, Michel Simon, Françoise Rosay e Jean Louis Barrault, e o<br />

ridículo que cobra todos eles. Entretanto, talvez devido à sua relativa<br />

inexperiência, sofre seu roteiro de uma curiosa insegurança formal, que o<br />

prejudica.<br />

Quem, no entanto, não acertou realmente foi Marcel Carné. O grande<br />

realizador de “Hotel do Norte” possuía já naquele tempo, a notável capacidade

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