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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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CORAÇÃO INDÔMITO<br />

18.03.54<br />

(“The wild heart”). Inglaterra-EUA. 51. Direção, Produção e Roteiro de Michael<br />

Powell e Emeric Pressburger. História: novela “Gone to Earth”, de Mary Velly.<br />

Fotografia em tecnicolor de Chirs Chalis. Elenco; Jennifer Jones, David Farrar,<br />

Cyril Cusak, Esmond Knight e outros.<br />

“Coração indômito” é um filme decepcionante. Quem assistiu a outras<br />

realizações da dupla Michael Powell-Emeric Pressburger, quem viu “Narciso<br />

negro”, “Neste mundo e no outro” e “Sapatinhos vermelhos”, certamente<br />

poderia esperar algo mais do que uma película falsa e pretensiosa. Nesses três<br />

filmes, esses dois cineastas, embora não revelassem talento excepcional, se<br />

fizeram notar pela inteligência, pelo apuro técnico, pelo sabor algo novo de<br />

suas fitas, e pelo excelente emprego do tecnicolor, Graças à colaboração do<br />

extraordinário fotografo Jack Cardiff, devemos considerar “Narciso Negro”<br />

como a primeira película em que o tecnicolor foi empregado de maneira<br />

realmente funcional, valorizando o seu conteúdo dramático, sem falar na sua<br />

beleza plástica.<br />

Podíamos esperar, portanto, pelo menos um bom filme. A mediocridade<br />

da última realização dos dois cineastas — “Os contos de Hoffman” — não nos<br />

impedia de esperar uma película à altura de seus primeiros filmes. “The wild<br />

heart” não correspondeu às expectativas. Certamente o fato de se tratar de uma<br />

produção dos Estudios Selznick influiu de maneira decisiva na sua qualidade,<br />

mas também Michael Powell e Emeric Pressburger não estavam em um dos<br />

seus momentos mais inspirados. Nota-se, por exemplo, que a escolha da<br />

história deve ser atribuída em grande parte a Selznick, pois é bem do seu estilo<br />

o conteúdo. De qualquer forma, porém, mesmo com a presença de Selznick,<br />

seria possível realizar-se um bom filme, se Pressburger e Powell não se<br />

curvassem como o fizeram.<br />

A pior coisa do filme é a sua história, uma novela de Mary Velley, cuja<br />

ação transcorre em uma região montanhosa e retirada da Inglaterra. Trata-se de<br />

argumento completamente banal, que a escritora procurou valorizar,<br />

impregnando-o com questões de magia, superstição etc.<br />

Escrevendo o cenário e depois dirigindo a fita, seus realizadores<br />

procuraram captar esse espírito, que a novela pretendia possuir. Para isso,<br />

usaram de todos os recursos de sugestão de que o cinema é rico, mas é claro<br />

que nada conseguiram. A base era falsa, completamente falsa, e nada se podia<br />

fazer. Além disso, preocupado com o “clima” do filme, eles descuidaram do

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