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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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CON<strong>DE</strong>NADOS<br />

20.06.54<br />

(“Los condenados”). Espanha. Realização de Manuel Mur Oti. Roteiro de Manuel<br />

Berenguer Carreno. História de José Soares Carrego. Elenco: Aurora Bautista,<br />

Carlos Lemos, José Suarez, Feliz Fernandes e outros. Produção da Cervantes<br />

Films. Em exibição no Marabá e circuito.<br />

Cot.: Fraco Gen.: Drama<br />

As cotações que damos aos filmes, evidentemente não pretendem ter um<br />

caráter absoluto. Muito pelo contrario, são imperfeitas e de um certo modo<br />

condenáveis. Dar notas às obras de arte é algo de insustentável para qualquer<br />

doutrina estética. Entretanto, como acontece nas classificações em gêneros e<br />

escolas, essas cotações têm um inegável valor didático e informativo,<br />

simplificando muito o trabalho de apreensão do leitor. E como não escrevemos<br />

em uma revista especializadas mas em um jornal diário destinado<br />

principalmente a informar rapidamente os leitores, não podíamos nos furtar às<br />

cotações, apesar de todos os seus percalços. E surge então a dificuldade. Com<br />

“Condenados”, por exemplo, estamos diante de um filme quase que impossível<br />

de se cotar, por ser fora do comum. Esta película espanhola é inevitavelmente<br />

um dramalhão, mas um dramalhão digno, por mais paradoxal que possa parecer<br />

esta afirmativa. Manuel Mur Oti, pretendeu, evidentemente, realizar um filme<br />

em tom de tragédia shakesperiana, com emoções violentas, problemas<br />

complexos, forma exuberante, diálogos literários de base poética, música<br />

exuberante, interpretação teatral, aspecto legendário, crimes, mortes, desgraças<br />

fatais, fumaça e névoa. E o resultado, como não podia deixar de ser, foi um<br />

dramalhão, mas um dramalhão que não se torna vulgar, que não explora o<br />

sentimentalismo do público, que não é chão, rasteiro, e se é ridículo, o é apenas<br />

pela sua pretensão e por não convencer.<br />

A ação do filmo se passa em uma região rústica da província espanhola,<br />

e a sua base é o eterno trio amoroso, com um marido extremamente ciumento.<br />

Embora velha e muito explorada, esta história permitia ainda que tivéssemos<br />

um bom filme. E não há dúvida que as duas figuras masculinas da fita são<br />

bastante reais, embora um pouco exageradas. O mesmo, porém, não se pode<br />

dizer da mulher, cujo papel torna-se totalmente inconvincente na sua parte final<br />

pela sua falta de continuidade psicológica.<br />

“Los condenados”, porém, não falhou. Muito mais importante na<br />

determinação das causas do mau êxito da fita é a sua pretensão.

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