09.05.2013 Views

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

AMORES <strong>DE</strong> LUCRECIA BORGIA<br />

28.11.54<br />

(“Lucrece Borgia”). França. 1953. Direção de Christian-Jaque. Roteiro do mesmo<br />

e de Jacques Sugurd. baseado em argumento de Cecil Saint-Laurent. Fotografia de<br />

Christian Matras. Música de Maurice Thiriet. Cenografia de Robert Gys.<br />

Figurinos de Marcel Escoffier. Elenco: Martine Carol, Pedro Armendaris,<br />

Massimo Serrato, Valentine Tissier, Amoldo Foá, Christian Marquant e Louis<br />

Seigner. Produção franco-italiana da Ariane Filmsonor. Distr.: Art. Em exibição<br />

no Art-Palacio e circuito.<br />

Cot.: Fraco Caract.: Imoralidade e pompa<br />

Sob um ponto de vista estético e mesmo considerando apenas seu<br />

caráter de divertimento, “Os amores de Lucrecia Borgia” é um filme fraco.<br />

Depois da versão de Abel Gance, está película de Christian-Jaque nada possui<br />

de novo, nem consegue chegar ao nível da anterior. Isto, porém, não significa<br />

que só possua qualidades negativas. A fotografia de Christian Matras, que<br />

procurou visivelmente levar para a tela os tons e as formas dos pintores<br />

renascentistas, a excelente cenografia de Robert Gys, os figurinos de Marcel<br />

Escoffier, e em segundo plano a música de Maurice Thiriet e o desempenho de<br />

Pedro Armendaris, devem ser levados em conta a favor do filme.<br />

Entretanto, como realização global, “Lucrece Borgia” não convence.<br />

Constitui-se apenas numa imoralidade muito triste, (Note-se que, se negamos<br />

valor artístico ao filme, não é por puritanismo, pois consideramos a arte,<br />

enquanto arte, separada da moral, e elogiamos muito nestas colunas filmes<br />

como “Ultima felicidade” e “Le blé en herbe”). A reconstituição histórica é<br />

falsa. O roteiro trata a história e os personagens de maneira convencional e sem<br />

o mínimo toque de realidade. A figura de Lucrecia Borgia não convence<br />

enquanto figura humana e enquanto interpretação. Martine Carol está muito<br />

longe de representar uma Lucreele aceitável. E na direção Christian-Jaque está<br />

deslocado, embora tenha sido ele quem decidiu realizar o filme. Ele já não é<br />

um diretor de primeira classe. Revela sempre em seus trabalhos um<br />

desequilíbrio, uma incapacidade de imprimir um ritmo uniforme e crescente<br />

aos seus filmes, uma falta de vigor, que são, no entanto, compensados pela<br />

leveza de estilo, pela inteligência, pelo uso funcional das cenas panorâmicas e<br />

da cenografia, por uma finura maliciosa. Dessa forma ele fracassa nos filmes<br />

dramáticos, como “Sortilégios” (onde desperdiçou um roteiro de Prevert) e<br />

acerta na comédia maliciosa, do tipo de “Essas mulheres” ou “A favorita do<br />

Barba-Azul”.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!