09.05.2013 Views

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O FORASTEIRO<br />

17.10.54<br />

(“Montana Territory”). EUA. 53. Direção de Ray Nazarro. Produção de Colbert<br />

Clark, para a Columbia. Roteiro de Barry Shipman. Elenco: Lon MacCallister,<br />

Wanda Hendrix, Preston Foster e outros. Distribuição da Columbia. Em exibição<br />

no Broadway e circuito.<br />

Cot.: Regular No gênero “western”.: Bom<br />

Embora filmado em tecnicolor, “O forasteiro” tem toda a estrutura<br />

clássica, dos “westerns” classe B. Um fio de história banal, muita luta, muito<br />

tiro, corridas em diligências, um herói positivo, um bandido bigodudo, a<br />

mocinha, que agora já usa “blue Jean”, alguns facínoras e burgueses honestos,<br />

um bar e uma cidadezinha de papelão e gesso, e temos o filme.<br />

Estamos portanto, diante de um filme estereotipado e vulgar, igual a<br />

muitos outros que já vimos, anteriormente. Originalidade não há nenhuma.<br />

Acontece porém que, sob aspecto estritamente formal, “O forasteiro” foi muito<br />

bem realizado. O roteiro de Barry Shipman evidentemente não tem interesse<br />

humano, e conteúdo dramático maior, mas é tecnicamente perfeito, bem<br />

orgânico, uno. Lembra com muita nitidez uma caixa de bombons vazia.<br />

E na direção temos Ray Nazarro. Esse diretor vem do cinema classe C.<br />

Dirigia os filmes de “Durango Kid”, herói mascarado do oeste norteamericano,<br />

que Charies Starret interpretava. Vimos vários filmes seus no<br />

desaparecido Avenida e no Pedro II. Sobressaiam-se sempre pela direção<br />

extraordinariamente precisa e funcional. Grande conhecedor da montagem<br />

cinematográfica, Nazarro imprimia aos seus filmes um ritmo todo exterior, mas<br />

brilhante, dinâmico, valorizando aquelas fitinhas tolas. Evidentemente, jamais<br />

tentava escapar aos limites artísticos desse tipo de produção, realizando um<br />

filme que tivesse sentido ao menos.<br />

Em 1950, porém. Ray Nazarro passou a dirigir filmes classe A e B.<br />

Surgia então para ele a grande oportunidade e, naturalmente, esperamos<br />

películas marcantes. O que tivemos, porém, foi “Rei do rancho”, “Os valentes<br />

não choram”, “Entre o crime e a lei”, “Era da violência” , etc., todos filmes<br />

vulgares. Usando seu belo estilo, de efeito apenas exterior, Nazarro continuava<br />

a realizar películas medíocres e vazias, diferenciando unicamente das anteriores<br />

pelo mais elevado preço de custo. “O forasteiro” está perfeitamente dentro<br />

dessa linha.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!