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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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OUTROS T<strong>EM</strong>POS<br />

04.06.54<br />

(“Altri tempi”). Itália. 52. Direção de Alessandro Blasettí. Roteiro de Alessandro<br />

Blasetti, de Suso Cecchi D’Amico e de vários outros. Histórias: contos de<br />

escritores italianos ⎯ “Menos de um dia”, de Camillo Boitto; “Questões de<br />

interesse”, de Renato Fucini; “Idilo”, de Guido Nobili; “O torno”, de Luígi<br />

Pirandello; “O processo de Frineia”, de Edoardo Scarfoglio. Música de A.<br />

Cicognini. Fotografia de Carlo Montuori. Produção de Forges D’Avanzatti.<br />

Elenco: Aldo Fabrizi, Gina Lollobrigida, Vitorio De Sica, Paolo Stoppa, Amedeo<br />

Nazari, Alba Arnova, Galeazzo Benti, Aenaldo Foá, Paolo Elisa Cegane, Folco<br />

Lulli e outros. Exibido no Festival do Cinema Italiano.<br />

Cot.: Muito bom Gen.: Várias histórias<br />

Em momento algum Alessandro Blasetti aceitou totalmente as premissas<br />

do neo-realismo, nem mesmo no momento do seu apogeu, quando todos os que<br />

se interessam pelo cinema, voltaram sua atenção para a Itália. O extraordinário<br />

realizador de “Um dia na vida” e “Quatro passos além das nuvens”, um dos<br />

poetas mais autêntico do cinema, evidentemente deixou-se influenciar pela<br />

onda neo-realista que invadiu seu pais, mas mesmo quando dirigiu “Primeira<br />

comunhão” — excelente comédia roteirizada por um dos pontífices daquela<br />

corrente, Cesare Zavattini ⎯ ele não se deixou dominar, o realizou uma<br />

película absolutamente pessoal.<br />

Isto, é claro não poderia agradar à crítica italiana, completamente<br />

dominada pela obsessão do realismo e do “social”, e portanto algo afastada da<br />

concepção mais pura da obra de arte. Blasetti desceu para um segundo plano no<br />

conceito dos críticos peninsulares. Agora, quando ele realizou “Altri tempi”,<br />

rompendo frontalmente com todas as idéias neo-realistas, naturalmente sua fita<br />

não recebeu a acolhida que merecia. Trata-se, no entanto, de uma de suas<br />

melhores realizações, em que seu múltiplo talento teve oportunidade de se<br />

apresentar sob todos os seus aspectos.<br />

Em “Outros”, Alessandro Blasetti procurou retratar a vida da sociedade<br />

italiana de fins do século passado, através da narração de contos sobre a época,<br />

dos melhores escritores do país. As histórias foram muito bem escolhidas, o<br />

tempo em que elas sucederam era dos mais curiosos e Blassetti conseguiu<br />

atingir perfeitamente o seu intento. Ele conseguiu atingir o espírito da época e<br />

aproveitou-se então para ser satírico, poético, saudosista, romântico, cômico,<br />

dramático, evidenciado um ecletismo, uma capacidade de abordar todos os<br />

gêneros com brilhantismo, digna de um grande artista. Toda essa diversidade,<br />

porém, não impediu que a fita mantivesse uniformidade de estilo e caráter de

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