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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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NOITES <strong>DE</strong> CIRCO<br />

30.05.54<br />

(“The clown’s evening”). Suécia. 53. Direção e Roteiro de Ingmar Bergman.<br />

Fotografia de Sven Nykvist e Hilding Vlandh. Música de Karl Birger Blomdhal,.<br />

Produtor: Rune Waldekranz. Elenco: Harriet Andersson, Ake Gronberg, Hasse<br />

Ekman, Anders Esk, Gudrun Brost, Annika Tretow, Gunnar Bjornstrand e outros.<br />

Produção da Sandrew. Em exibição no Jussara.<br />

Cot.: Muito bom Gen.: Drama<br />

“Noites de circo” é um filme tão extraordinário quanto desequilibrado.<br />

Mas do que é belo, ele é impressionante, deixando o espectador arrasado com o<br />

seu pessimismo e obrigando-o a pensar. Filme sueco, nem sempre o<br />

compreendemos perfeitamente, não só porque as reações psicológicas, a<br />

maneira de agir e de pensar daquele povo nórdico são muitas vezes<br />

completamente diferentes da nossa, como também pela linguagem<br />

cinematográfica extremamente pessoal e típica de Ingmar Bergman.<br />

“Noites de circo” é a décima segunda película desse cineasta, sendo que<br />

todas as demais, inclusive “Jogos de verão” e “Verão com Mônica” não foram<br />

apresentadas no Brasil. Vimos dele apenas o roteiro que escreveu para “A<br />

mulher e a tentação” de Gustal Mollander. Geralmente ele é considerado, ao<br />

lado de Alf Sjoberg, como um dos maiores diretores suecos, e esta sua última<br />

fita, embora não fosse completamente bem sucedida, veio comprovar esse fato.<br />

Conforme seu próprio nome o está dizendo, a fita de Ingmar Bergman<br />

focaliza a vida da gente do circo. Não há nela nenhuma pretensão de abranger<br />

tudo o que se pode falar a respeito do circo, como teve Cecil B. De Mille.<br />

Tratando-se de um filme completamente diferente. O circo é pobre e quase<br />

falido, atravessa aldeias da Ascania sem muito sucesso e todos os seus<br />

personagens estão cansados, desanimados. Ingmar Bergman procurou apenas<br />

mostrar-nos a sua miséria, a sua mediocridade, o seu falimento. Em volta do<br />

diretor do circo, de sua amante e de um ator de teatro cínico e aproveitador,<br />

Bergman construiu um dos dramas mais violentos, mais pessimistas de quantos<br />

temos vistos no cinema, e se não dizemos que o filme é trágico, é porque lhe<br />

faltam aqueles elementos de unidade e de equilíbrio que seriam necessários.<br />

De fato, esta é a grande falha da fita. Bergman dirigi-a com raro<br />

brilhantismo. Seu estilo, tipicamente sueco, dá mais importância à enquadração<br />

e ao movimento de câmara, do que à montagem propriamente dita, mas os<br />

resultados que alcança são excelentes. Embora ele use em profusão de todos os<br />

recursos formais do cinema, não podemos acusar sua fita de formalista,

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