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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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MAR CRUEL<br />

16.05.54<br />

(“The cruel sea”). Inglaterra. 53. Direção de Charles Frend. Produção de Leslie<br />

Norman, Michael Balcon. Roteiro de Eric Ambler. Elenco: Jack Hawkins, Donald<br />

Suden, Denholm Elliot, Virginia Mc. Kenna e outros. Produção dos Ealing<br />

Studios. Distribuição da Rank-Universal. Em exibição no Marabá e circuito.<br />

Cot.: Muito bom Gen.: Drama de guerra<br />

“Mar cruel” é um dos dramas de guerra mais autênticos do cinema<br />

inglês. Esta película, que recebeu vários prêmios na Europa, inegavelmente os<br />

merece. Temos nela a história da tribulação de um navio anti-submarino, que<br />

toma parte na longa e sangrenta batalha do Atlântico Norte durante os cincos<br />

anos da guerra passada. Trata-se evidentemente de um filme de base realista,<br />

mas não se filia ao neo-realismo, ao neo-documentarismo, ao realismo negro<br />

psicológico, poético e verista, e ao realismo róseo, que tem sua bases,<br />

respectivamente, na Itália, nos Estados Unidos, na França (e na Suécia) e<br />

novamente nos Estados Unidos. Situaremos melhor “The Cruel Sea”, de<br />

Charles Frend, se o considerarmos pertencentes à corrente do documentarismo<br />

analítico, cujo melhor exemplo é um outro filme de Charles Frend, “Epopéia<br />

Trágica” (“Scott of Antartic”), podendo ser citado ainda “A batalha da água<br />

pesada” e alguns outros.<br />

O essencial em “Mar Cruel” parece-nos ser a tentativa de captar a<br />

realidade pura e simples, de uma maneira aparentemente exterior, sem se<br />

dedicar ao drama de nenhum personagens de maneira muito especial, sem<br />

tomar posição ideológica, por mais ampla que seja ela, sem participação do<br />

diretor e do roteirista nos interesses e nas paixões dos personagens por eles<br />

criados, tomando partido de uns ou de outros, sem romantismo. Charles Frend,<br />

não pretendemos negá-lo, dedica interesse um pouco maior pelo capitão do<br />

navio e seu imediato, mas todo não impede que o filme seja a história de toda a<br />

tribulação, que quase em nenhum momento ocupa lugar secundário. Além<br />

disso, talvez possamos encontrar na fita uma certa condenação à guerra, mas<br />

indiscutivelmente não chega a constituir uma preocupação da parte de Frend.<br />

Dessa forma, tivemos um relato dos mais objetivos, do que foi a batalha<br />

do Atlântico Norte para uma tripulação de um pequeno navio anti-submarino.<br />

Em ritmo lento e firme, que torna sua fita, em dados momentos, algo<br />

monótona, Frend, ao mesmo tempo que narra as batalhas, os salvamentos de<br />

náufragos, o afundamento de submarinos, as licenças em Liverpool, as avarias,<br />

o naufrágio do próprio barco, põe em foco também a tensão nervosa dos

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