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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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FILHOS DO AMOR<br />

06.05.54<br />

(“Les enfants de L’amour”). França. Direção de Loonide Moguy. Elenco: Etchika<br />

Choreau, Jean-Claude Pascal, Lise Bourdin. Maryse Martin, Jean Max e outros.<br />

Distribuição da França Filmes. Em exibição no Jussara.<br />

Cot.: Bom Gen.: Drama<br />

“Filhos do amor” pode ser considerado um bom filme, embora deixe a<br />

desejar em alguns momentos, por preocupar excessivamente com a sua tese, e<br />

em face de seu realizador Leonide Moguy fazer algumas incursões lamentáveis<br />

no campo do pieguismo (veja a seqüência final das jovens mães com seus<br />

filhos). Para isso basta que, sem deixarmos esquecidas essas falhas,<br />

coloquemos ao lado o nosso intelectualismo sofisticado (falo especialmente das<br />

pessoas que entendem ou julgam entender de cinema) e procuramos<br />

compreender uma película bem intencionada, que aborda honesta e<br />

simplesmente um problema humano. Não esperemos da fita um grande valor<br />

cinematográfico, ou uma poderosa força dramática, ou ainda uma colocação de<br />

problemas de alto conteúdo fisiológico ou psicológico e então será mais fácil<br />

gostarmos dela.<br />

“Filhos do amor”, apesar da propaganda sensacionalistica que se fez em<br />

torno dela, é um blefe para quem vai vê-la esperando a focalização de temas<br />

escabrosos. Como, em “Amanhã é tarde demais”, Moguy abordou o tema do<br />

caráter obsoleto da educação sexual em nossos dias, e em “Amanhã será outro<br />

dia” tratou do problema de suicídio (nessa fita seu trabalho foi medíocre, sob o<br />

ponto de vista artístico), ele estuda em “Filhos do amor” com grande<br />

autenticidade o problema da mãe solteira. O diretor russo, há tantos anos<br />

radicado no cinema ocidental, análisa a questão sob diversos aspectos, fazendo<br />

com que a ação do filme tenha como local uma maternidade especial para<br />

mulheres, nessas condições. Como nas suas outras películas, embora não<br />

possamos afirmar categoricamente que ele seja católico pois não conhecemos<br />

sua vida particular, Moguy demonstra possuir idéias de base cristã bem<br />

definida, na sua simplicidade e na sua abertura de vistas. Evidentemente é<br />

contra a existência de mãe solteiras, mas compreende o drama de cada uma<br />

delas, atribuindo o seu erro à ignorância, à falta de experiência, à necessidade<br />

de carinho e de formação sólida, que os pais não são capazes de proporcionar, e<br />

a outros motivos de ordem social. O que ele combate verdadeiramente é a<br />

incompreensão da sociedade, causadora última da infelicidade das mães<br />

solteiras e, principalmente, a incompreensão dos pais. Outra tese do filme é a

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