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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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O INFERNO 17<br />

26.03.54<br />

(“Stalag 17”). EUA, 52, Direção. Produção Roteiro de Billy Wilder. Col. no rot.<br />

de Edwin Blum. História: peça de Donald Bevan e Edmund Trocinski. Musica de<br />

Franz Waxman. Fotografia de Ernest Lazzlo. Paramount. Em exibição no Art-<br />

Palacio e circuito.<br />

Cot.: Bom Gen.: Drama de guerra<br />

Inegavelmente, “O inferno 17” não se mantém no mesmo nível dos<br />

melhores filmes de Billy Wilder. Não estamos mais diante de películas da<br />

qualidade de “Crepúsculo dos deuses” e de “A montanha dos sete abutres”, em<br />

que sua personalidade marcante se fazia notar a cada momento, pelo sentido<br />

dramático, violento, de crítica amarga e pessimista desses filmes. Nem mesmo<br />

o tom algo desumano, pela sua frieza e indiferença, com que ele analisava e<br />

julgava tragicamente a sociedade, nem essa sua característica, que nunca<br />

pudemos aceitar totalmente, esta presente em “Stalag 17”.<br />

Entretanto, se de um ponto de vista de conteúdo Billy Wilder não<br />

atingiu nesta sua fita o nível de suas anteriores realizações, nem sua<br />

personalidade se impôs como de hábito, em vista de o roteiro por ele escrito<br />

basear-se em uma peça teatral, isto não significa que ele se tenha curvado ante<br />

os autores da mesma. “O inferno 17”, sob todos os aspectos que o analisemos,<br />

é ainda um filme de Billy Wilder e leva a marca do seu talento.<br />

A peça de Donald Bevan e Edmund Trocinski, em que se baseou o<br />

filme, narra a história de um grupo de prisioneiros de um campo de<br />

concentração nazista, durante a última grande guerra. Não há por parte dos<br />

autores da peça, ou pelo menos Billy Wilder não deixou que isso<br />

transparecesse no filme, nenhuma preocupação por se fazer propaganda<br />

antigermanica ou mesmo antibelica. Ao que parece, interessaram-se eles<br />

principalmente por fazer uma crônica realística, tendendo algumas vezes para a<br />

comédia, outras para o drama, da vida em um campo de concentração, usando,<br />

como fio de ligação do argumento, a busca de um traidor que ali se esconde. E<br />

é claro que, ao fazerem essa crônica, não viam os alemães de maneira<br />

simpática, mas também não se deixaram levar por exageros acusatórios.<br />

Como já poderá o leitor ter notado, esse argumento não apresentava<br />

afinidades com o estilo de Billy Wilder, nem propiciava a realização de um<br />

grande filme. De qualquer forma, porém, o realizador de “Lost Weekend” não<br />

se deixou vencer facilmente. O roteiro que escreveu para o filme, com o auxílio

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