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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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A MARG<strong>EM</strong> DO SACI<br />

11.09.54<br />

Anteontem publicamos a relação dos premiados com o “Saci” de 1953.<br />

Evidentemente, porém, não pretendemos fazer um julgamento a respeito da<br />

justiça dos prêmios, que “O Estado de São Paulo” distribuiu.<br />

Achamos oportuno, no entanto, fazer algumas considerações marginais,<br />

a respeito da distribuição das distinções.<br />

Antes de mais nada queremos nos congratular com a comissão<br />

julgadora, que se saiu tão bem da sua incumbência, e com os premiados,<br />

especialmente com Carlos Thiré, pelo roteiro de “Luz apagada”, o filme mais<br />

equilibrado e bem sucedido do cinema falado brasileiro, que ele também<br />

dirigiu; com o velho diretor mineiro Humberto Mauro, pela direção de “O<br />

canto da saudade”; com Mario Sergio, pelo seu desempenho corretíssimo em<br />

“Luz apagada”; com Fabio Carpi, pela história inteligente e fina de “Uma pulga<br />

na balança”; com Rodolfo Nanni, que recebeu um prêmio especial pelo seu<br />

filme infantil “O Saci”; e com Gabriel Mlglíori, que escreveu o excelente fundo<br />

musical de “O cangaceiro”.<br />

A primeira observação, que queremos fazer, refere-se à participação da<br />

Vera Cruz na distribuição dos prêmios. Dos treze “Saci” oficiais, onze ficaram<br />

com ela. E nada é mais merecido. A grande empresa de São Bernardo foi quem<br />

realmente deu os primeiros passos seguros do nosso cinema. Não só elevou<br />

enormemente o nível técnico de nossas produções, como nos fez aproximar um<br />

pouco mais da verdadeira obra de arte. E é curioso observar como as empresas<br />

fundadas na sua esteira falharam comercial (isto sucedeu também a Vera Cruz)<br />

e artisticamente. A distribuição dos “Sacis” de 1953 veio confirmá-la. Da<br />

Maristela não se fala. A Multifilmes, que, sob a direção de Mario Civelli,<br />

produziu uma série de fitinhas no ano passado, não recebeu um único prêmio<br />

sequer. O mais gritante, porém, foi o que deu com a Kino Filmes, que produziu<br />

e exibiu nesse mesmo ano “O canto do mar”, de Cavalcanti. O filme era<br />

fraquíssimo, da mais baixa qualidade. Pretensioso, cheio de deficiências<br />

técnicas, possuindo um roteiro desordenado, uma história infantil e uma<br />

direção imprecisa, não tinha ao menos aquele vigor, aquela força, vinda da<br />

própria terra, que salvou “O cangaceiro”, tornando-o um filme digno, embora<br />

imperfeito. Pois bem, não obstante tudo isso, alguns críticos, talvez<br />

impressionados com a presença de Cavalcanti, que foi o responsável direto da<br />

fita, e levados pela habitual e despropositada benevolência, que tem para com o<br />

cinema nacional nas nuvens a película. Agora, a comissão julgadora do “Saci”

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