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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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O SALÁRIO DO MEDO<br />

21.11.54<br />

(“Le salaire de la peur”). França. 53. Direção de Henri-Georges Clouzot, Roteiro<br />

do mesmo e de Jerome Jeromini. Música de Georges Auric. Fotografia de Armand<br />

Thirard. Cenografia de René Renoux. Elenco: Ives Montand, Charles Vanel, Peter<br />

Van Eyck, Folco Lulli, Vera Clouzot, William Tubbs, Centa, Jo Dest, Dario<br />

Moreno, e outros. Produção franco-italiana da Filmisonor-C.I.C.C. e Vera Filme<br />

Fono Roma. Distribuição da França Filmes. Em exibição no Normandie e<br />

Regência.<br />

Cot.: Muito bom No gênero drama: Idem<br />

Em exibição no Normandie, temos um dos filmes mais importantes<br />

deste ano, “O salário do medo”, que obteve o primeiro prêmio do Festival de<br />

Cannes, de 1953, além de Charles Vanel ter sido considerado o melhor ator. Já<br />

exibido em São Paulo durante as jornadas Internacionais do I Festival<br />

Internacional de Cinema do Brasil, trata-se de um filme excepcional, cuja<br />

impressão amarga fica marcada em nossa memória de maneira inolvidável.<br />

Realizou-o Henri-Georges Clouzot, baseando-se em um romance do<br />

mesmo nome de Georges Arnaud. Temos, no entanto, que compreender,<br />

inicialmente, que “Le salaire de la peur”, embora conservando-se de um modo<br />

geral fiel à obra literária, é, antes de mais nada, uma produção pessoal do<br />

Clouzot. Sucedeu, apenas, que o espírito e a tendência do romancista se<br />

aproximavam, em seus traços mais amplos, aos do cineasta; mas é a este que<br />

devemos atribuir a autoria total do filme. “O salário do medo” não é, de forma<br />

alguma, um filme de fundo literário (embora nada tenhamos em princípio<br />

contra esse gênero de fitas). O romance de Georges Arnaud, aliás, sob o ponto<br />

de vista literário, é muito fraco. Vale apenas, como documento de uma vida<br />

miserável em uma cidade perdida na América Central. Entre Clouzot e Arnaud<br />

existe uma única diferença, um é artista na acepção mais pura da palavra e o<br />

outro não.<br />

Julgávamos fundamental estabelecer esta premissa sobre a autoria do<br />

filme. De outra forma não poderemos compreendê-lo. Como obra autêntica de<br />

Clouzot, “Le salaire de la peur” reflete sua vida, sua personalidade e sua<br />

concepção do mundo e dos homens. Clouzot teve uma vida acidentada e difícil<br />

até há alguns anos. Atravessou duas guerras, tentou várias profissões, passou<br />

longo tempo em um sanatório. Tudo isso marcou-lhe a vida e a obra<br />

indelevelmente. Começou a dirigir em 1942, e, em suas películas mais<br />

representativas, “Le courbeau”, “Manon” e agora. “Le salaire de la peur”, as

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