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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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SURPRESA FRANCESA<br />

02.03.54<br />

O filme francês mais interessante, no Festival, e certamente “Le blé en<br />

herbe”, exibido na sessão de encerramento, juntamente com “Na senda do<br />

crime”. Dos outros três filmes, porém, o que menos prometia era “O<br />

curandeiro”. Esta fita foi dirigida por Yves Ciampi, um novo diretor, que não<br />

conhecíamos, e, portanto, não havia grande esperança. Foi, porém, uma<br />

surpresa. O filme trata com muita correção problema do curandeirismo na<br />

França, onde existem “38 mil médicos e 40 mil curandeiros”. É uma película<br />

de tese que, inicialmente, causa-nos a impressão de fazer a apologia da<br />

profissão de curandeiro, mas no final acaba por condená-la, dando uma idéia de<br />

todo o seu perigo e da extensão do seu ridículo.<br />

Todo o argumento do filme gira em torno de um médico, que abandona<br />

sua profissão para se tornar “guerisseur”, em face de pouco ganhar com a<br />

prática legal da medicina. Apenas, no final, depois de uma crise de consciência,<br />

é que ele abandona sua profissão, quando o feitiço se volta contra o feiticeiro.<br />

O roteiro do filme foi muito bem concebido, embora peque um pouco pela falta<br />

de unidade dramática. Na direção, Ciampi não chegou a fazer nada de<br />

excepcional, mas revelou segurança e talvez possamos esperar, futuramente,<br />

que faça um grande filme. “Le guerisseur” é ainda uma obra imperfeita, em que<br />

a tese social e o diálogo dominam o elemento cinematográfico, mas já é um<br />

filme digno de ser apresentado em um festival de cinema.<br />

Assistimos, também, no Festival, a fita italiana “Pão, amor e fantasia”,<br />

de Luigi Comencini, diretor que até hoje realizara dois ou três filmes sem se<br />

salientar. A fita logrou agradar ao público presente; trata-se de uma comédia de<br />

costumes, ligeira e alegre, narrando com espírito vivo e observador as<br />

dificuldades e os problemas que encontra um oficial que vai morar em uma<br />

longínqua aldeia.<br />

Ressalta-se, ainda, um grande filme no Festival, exibido no Cine<br />

Arlequim, na Jornada norte-americana. A Paramount, a quem já devíamos “A<br />

princesa e o plebeu”, nos mandou um outro grande filme, “Os brutos também<br />

amam”, de George Stevens, uma película vigorosa, humana, dramática, que se<br />

filia á melhor tradição dos “westerns” norte-americanos, George Stevens, o<br />

excepcional realizador de “Um lugar ao sol”, voltou com este filme a realizar<br />

uma obra autêntica de cinema. Seu estilo amplo e calmo, um sentido notável de<br />

enquadração e de duração das tomadas, uma percepção perfeita de todos os<br />

menores efeitos que pode tirar das imagens e da interpretação dos atores, um

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