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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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ROTEIRO<br />

15.10.54<br />

O grande lançamento desta semana é “Outros tempos”, de Allessandro<br />

Blasetti. Já analisamos esta película, quando de sua exibição no Festival do<br />

Cinema Italiano. Trata-se de uma fita excepcional, na qual o gênio eclético de<br />

Blasetti pode ser comprovado plenamente. Embora tenha realizado filmes de<br />

fundo realista, como “Um dia na vida” e “Primeira comunhão”, Blasetti jamais<br />

se comprometeu com a chamada escola neo-realista (que aliás de escola não<br />

tem nada). Em “Altri tempi”, porém, ele rompeu com essa corrente e fez uma<br />

película dos vários estilos, baseando-se em contos de escritores italianos sobre<br />

o fim do século passado. Blasetti é então romântico, satírico, dramático,<br />

cômico, psicólogo, poeta e cronista e realiza um filme inesquecível. Cineasta<br />

extraordinário, poeta e ao mesmo tempo possuidor de um grande estilo<br />

cinematográfico, o realizador de “O coração manda” comprovou mais uma vez<br />

ser um dos bons cineastas da Itália. E temos certeza de que seu filme também<br />

agradará em cheio ao público, não se constituindo em um insucesso de<br />

bilheteria, como aconteceu com “Humberto D”. Temos certeza de que só o<br />

último conto, “O processo de Frineia”, com Vittorio De Sica e Gina<br />

Lollobrigida, arrastará uma multidão ao cine Ipiranga e seu circuito.<br />

Além desse filme, alguns outros despertam interesse, “O Forasteiro”,<br />

exibição no Broadway, foi dirigido por Ray Nazarro. Trata-se de um “western”.<br />

O filho de um juiz, acreditando no delegado do território de Montana, dispõe-se<br />

a combater os bandoleiros da região, os quais eram chefiados pelo próprio<br />

xerife. Ray Nazarro, o diretor, vem dos filmes classe B e C e goza de certo<br />

renome entre alguns estudiosos do cinema. E de fato, trata-se de um diretor<br />

especializado era filmes de ação, o qual conhece extraordinariamente os<br />

recursos da montagem. Seus filmes, porém, são sempre vazios de qualquer<br />

significado ou conteúdo e, portanto, pouco interesse despertam.<br />

“Lábios que mentem”, em exibição ao Marabá, com Tony Curtis e<br />

Joanne Dru, é mais um policial de Hollywood. Dirigiu-o Rudolph Maté,<br />

cineasta que conhece seu trabalho, mas está totalmente comercializado. No<br />

Bandeirantes temos um filme inglês, “A desconhecida”, com Phylis Calvert e<br />

Edward Underdown, sob a direção de um húngaro, Ladislas Vadja, que tem<br />

realizado filmes em vários países da Europa. Finalmente na Metro encontramos<br />

o primeiro filme em cinemascopio da MGM, “Os cavaleiros da Tavola<br />

Redonda”, dirigido pelo medíocre Richard Thorpe.<br />

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