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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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WESTERN NOTÁVEL<br />

18.06.54<br />

Conforme dizíamos ontem, quando analisamos especialmente seu autor,<br />

George Stevens, “Os brutos também amam” é um filme de primeira ordem, um<br />

dos mais altos representante do “westrn”. Entretanto, não cremos que o público<br />

em geral vá apreciá-lo, grandemente, devido à sua excessiva lentidão, que aliás<br />

é a principal e talvez única falha do filme. George Stevens dirigiu “Shane” com<br />

a segurança, com a precisão e com a funcionalidade que lhe são próprias. O<br />

ritmo que ele imprimiu à fita é harmônico, constante, denso de conteúdo<br />

dramático e poético, absolutamente equilibrado, refletindo não só na<br />

montagem, como também no movimento dos atores e do diálogo. Todavia, em<br />

parte seguindo uma tendência que lhe é peculiar, em parte devido a uma<br />

resolução tomada por ele no momento de realizar a película, ele deu ao filme<br />

um ritmo muito lento, valorizando ao máximo a amplidão dos cenários, a<br />

dramaticidade e a poesia das enquadrações fixas e longas, os problemas íntimos<br />

de cada personagem e suas relações como outros, em detrimento da ação. Esta,<br />

aliás, não falta. Há lutas violentíssimas e narradas com raro poder de<br />

impressionar, como a briga no bar, a luta entre Shane e Starrett, o combate<br />

final, mas isto não rouba o caráter lento do ritmo do filme. Ora o “western” é<br />

um tipo de fita de aventuras, e essa película exigem normalmente um ritmo<br />

mais rápido uma dinamicidade exterior, que falta em “Os brutos também<br />

amam”. Isto, é claro não rouba o valor ao filme. Diminui-o um pouco, talvez,.<br />

Mas a maior parte do público dificilmente penetrará no âmago da fita,<br />

dificilmente a compreenderá.<br />

Em “Shane”, George Stevens conta a história de um grupo de colonos, a<br />

quem o governo distribuiu terras e que entra em luta contra o grande<br />

proprietário da região, que se estabelecera lá muitos anos antes e agora se julga<br />

prejudicado por ter perdido alguns pedaços de sua fazenda. Esse proprietário<br />

procura, então, usando da força, enxotar os colonos e suas famílias, mas um dia<br />

surge um desconhecido algo misterioso, Shane, que os auxilia a resistir.<br />

“Os brutos também amam”, portanto, é um “western”, que observa todas<br />

as suas regras clássicas, inclusive o combate final entre o herói e o vilão,<br />

residindo nisto, aliás uma de suas maiores qualidades. Pois ao mesmo tempo<br />

que é integralmente um “western”, foge aos defeitos que são comuns nesses<br />

filmes. Além do brilhantismo formal do filme, ao qual já nos referimos<br />

bastante, e que e auxiliado por uma esplendida fotografia em tecnicolor e por<br />

um belíssimo acompanhamento musical de Victor Young, “Shane” é uma<br />

película essencialmente humana, e de base psicológica autêntica. Os problemas

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