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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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O MAR QUE NOS CERCA<br />

29.05.54<br />

(“The sea around us”), EUA. Realização de Irving Allen, baseado em livro de<br />

Rachel L Carson. Música de Paul Sawtell. Produção da RKO. Em exibição no<br />

Opera.<br />

Cot.: Mau Gen.: Documentário<br />

Não sabemos por que motivo a Academia de Artes Cinematográfica<br />

premiou com um Oscar este documentário. A própria mediocridade do júri<br />

julgador, rarissimamente premia o melhor filme norte-americano da temporada,<br />

sendo capaz inclusive de conferir uma série de Oscars a uma fita como “O<br />

maior espetáculo da terra”, parece-nos ser a única explicação do fato.<br />

“O mar que nos cerca” é um filme completamente inexpressivo e vulgar.<br />

A única coisa interessante que podemos encontrar nele é a sua fotografia em<br />

tecnicolor, em se tratando de uma fita natural, embora ela não possua nenhuma<br />

qualidade especial. Quanto ao mais, só vemos nele pretensão, muita pretensão,<br />

mau gosto e absoluta falta de sentido cinematográfico.<br />

Seu realizador, Irving Allen, já é nosso conhecido, tendo dirigido um<br />

outro documentário bem melhor do que este, embora sem nada foram de<br />

comum, “Escalando o monte Cervino”, além de uma série de películas classe B<br />

de aventuras e de caráter semi-documentário, como “Conquista Alpina” e<br />

“Crime submarino”.<br />

Neste seu último filme ele foi completamente infeliz. “The sea around<br />

us” é um documentário que se choca com os princípios básicos do gênero. Se o<br />

leitor quiser ter uma idéia do que se trata, pense em um daqueles excelentes<br />

documentários da série “As maravilhas da natureza”, de Walt Disney, veja<br />

entre todos os que assistiu, qual foi o pior, imagine depois um filme no mesmo<br />

estilo, mas muito mais longo, muito mais aborrecido, muito mais vazio, e<br />

estaremos diante de “O mar que nos cerca”.<br />

Falta a esta fita um mínimo de unidade e de seqüência. Irving Allen<br />

pretendeu com ela fazer uma síntese de tudo o que o mar contém, e só<br />

conseguiu ser ridículo, tentando realizar seu objetivo. Depois de um início, que<br />

nos dá vontade de rir, em que ele descreve os albores do mundo e o<br />

aparecimento do mar, auxiliado por um locutor de voz “dramática”, Allen<br />

passa a descrever os habitantes do mar, a começar dos mais ínfimos, até os<br />

maiores. Essa descrição superficial e desorganizada, porém, não apresenta

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