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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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RAPSODIA<br />

31.12.54<br />

(“Rhapsody”). EUA. 53. Direção de Charles Vidor. Roteiro de Fay e Michael<br />

Kaine. Produção de Lawrence Weigardem para a Metro, que a distribuiu. Elenco:<br />

Elisabeth Taylor, Vittorio Gassman, John Ericson, Michael Chekhov, Bárbara<br />

Bates e outros. Em exibição no Cine Metro e circuito.<br />

Cot.: Regular Caract.: Bonito e agradável<br />

Não podemos negar o valor de espetáculo à “Rapsodia”. Embora sem<br />

ultrapassar qualquer de seus limites preestabelecidos, a fita logrou superar<br />

nossa expectativa, dando-nos uma boa idéia do que seja uma direção brilhante<br />

em sua forma mais exterior, a serviço de um conteúdo banalíssimo. De<br />

qualquer maneira, porém, temos um filme gostoso, que atinge plenamente seus<br />

intuitos comerciais, entupindo o pobre público com o luxo, o êxito, a<br />

felicidade, o romantismo, o colorido, que ele próprio não possui. E como<br />

prevíramos, afinal o que há de melhor na fita são as músicas, embora tenham<br />

escolhido evidentemente compositores secundários, de linha melódica fácil,<br />

como Tchaikovsky e Rachmaninoff.<br />

Provavelmente o roteiro foi escrito especialmente para Elizabeth Taylor.<br />

Ela será a jovem rica, grã-fina e belíssima, pela qual se apaixonarão<br />

romanticamente dois músicos, um violinista e um pianista. Qual dos dois ela<br />

escolherá, eis o “problema fundamental” da fita. Ficará ela com o latino<br />

moreno, impetuoso violinista que só vê a sua música; ou com o anglo-saxão<br />

apalermado, bom rapaz, pianista correto, que a ama profundamente? Dentro da<br />

perspectiva burguesa da fita, a resposta nem precisa ser anunciada. Fay e<br />

Michael Kaine escreveram o roteiro do filme, seguindo essa linha geral.<br />

Realizaram um trabalho de rotina, superficial e vazio, que não merece maior<br />

atenção.<br />

Diferente é o caso de Charles Vidor. O diretor de “A noite sonhamos”,<br />

“Gilda”, “Meu filho, meu filho”, à luz de uma análise mais bem pensada, não<br />

tem talento. Pelo menos, não podemos chamá-lo de artista, pois sua<br />

sensibilidade embotada, sua incapacidade criadora, seu desinteresse por um<br />

cinema mais adulto tem sido bem evidentes. Entretanto, Vidor inegavelmente<br />

conhece as possibilidades da linguagem cinematográfica. Dirige com muita<br />

firmeza os atores, e sabe utilizar-se da montagem, a fim de atingir seus fins.<br />

Pena que estes sejam sempre comerciais, sem a menor tentativa de um<br />

aprofundamento maior.

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