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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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PÂNICO<br />

23.06.54<br />

(“Panique”). França. 46. Direção de Julien Duvivier. Roteiro de Charles Spaak e<br />

Duvivier, baseado na novela “Les fiançailles de M. Hir”, de Georges Simenon.<br />

Fotografia de Nicolas Rayer. Música de Jean Wiener. Elenco: Michel Simon,<br />

Vivianne Romance, Paul Bernard e outros. Produção da Filmsonor. Distribuição<br />

da U.C.B. Em exibição no Normandie.<br />

Cot.: Ótimo Gen.: Para adultos<br />

“Pânico” foi realizado por Julien Duvivier há oito anos atrás, em 1946.<br />

Quando esse filme foi exibido em São Paulo, lembramo-nos que ele nos deixou<br />

profundamente impressionados pelo seu grande conteúdo trágico e humano.<br />

Agora, em vista de sua reexibição no cine Normandie (que aliás merece nossos<br />

parabéns pela ótima qualidade dos filmes que vem exibindo), não pudemos<br />

deixar de revê-lo e depois analisá-lo rapidamente nestas colunas, pois quando<br />

de sua primeira apresentação, ele passou quase despercebido.<br />

A primeira vista, “Panique” não passa de um simples filme policial,<br />

baseado em uma novela de Georges Simenon, o famoso criador do inspetor<br />

Maigret. Entretanto, a luz de um julgamento mais acurado, veremos que se<br />

trata de uma película de conteúdo psicológico e social extremamente<br />

complexo, e então nos lembraremos que Georges Simenon não é apenas um<br />

novelista de romances policiais populares, e principalmente que a fita foi<br />

realizada por um dos grandes diretores do cinema francês, Julien Duvivier,<br />

secundado pelo extraordinário cenarista Charles Spaak. Dessa forma, se<br />

pretendêssemos analisar o filme como se deve, teríamos obrigatoriamente de<br />

escrever mais de uma crônica sobre o mesmo, e por isso resolvemos analisar<br />

um de seus aspectos apenas.<br />

“Panique”, ou “Les fiançailles de M. Hir”, conforme o título do romance<br />

de Simenon, é a história de um homem profundamente introspectivo, tímido e<br />

antipático. Embora não tivesse nada de repugnante em si mesmo, ele, desde a<br />

infância, causava profunda aversão a todos. Jamais tivera um amigo, a não ser<br />

o que o traiu, levando sua esposa. Certo dia matam uma mulher na praça onde<br />

se situava o seu hotel, e o assassino, temendo ser descoberto, procura<br />

incriminar o pobre homem, sendo auxiliado por sua amante. E é partindo dai<br />

que Duvivier se aproveita para fazer uma violenta crítica à sociedade.<br />

Obedecendo a uma estrutura formal impecável, Duvivier vai construindo o<br />

clima para o drama arrebentar, com todo o seu vigor, no final da fita. E é então,<br />

quando toda aquela gente “honesta” e “pacata”, o açougueiro, o farmacêutico, o

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