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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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OS CORRUPTOS<br />

28.05.54<br />

(“The big heat”). EUA. 53. Direção de Fritz Lang. Roteiro de Sidney Bohen.<br />

História de William McGivern. Fotografia de Charles Lang. Produção de Robert<br />

Arthur. Elenco: Glenn Ford, Glória Grahme, Jocelyn Brando, Lee Marvin,<br />

Jeannette Nolan, Alexander Scourby e outros. Produção da Columbia. Em<br />

exibição no Art-Palacio e circuito.<br />

Cot.: Bom Gen.: Policial<br />

Não exageraremos, se dissermos que “Os corruptos” é um filme policial<br />

muito bom. Fritz Lang, o velho e extraordinário realizador alemão, enquadrouse<br />

perfeitamente no estilo da fita, impregnou-a com o toque de sua arte e com o<br />

auxilio do excelente roteirista Sidney Bohen, transformou um simples policial<br />

em uma película forte e dramática, embora não negue as bases fundamentais do<br />

gênero.<br />

O extraordinário realizador de “Fúria” é um artista cheio de altos e<br />

baixo. Depois que se radicou nos Estados Unidos, realizou algumas películas<br />

de ótima qualidade, mas também foi capaz de por seu nome em filmes<br />

completamente inexpressivos, como “Guerrilheiros nas Filipinas” e “A volta de<br />

Jesse James”. Fritz Lang nunca escreve o roteiro de suas fitas, e, trabalhando<br />

como trabalha em Hollywood, não soube se impor, dirigindo assim os filmes<br />

sem muita escolha. Não se pode, portanto, determinar em sua obra uma linha<br />

uniforme e conseqüente de pensamento, uma preocupação definida em tomar<br />

uma posição ante o mundo. Isto não significa, no entanto, que ele não possua<br />

um estilo pessoal, que ele não tenha uma concepção da obra de arte. Basta que<br />

vejamos alguns de seus melhores filmes realizados em Hollywood, como<br />

“Fúria”, “Vive-se uma só vez”, “Maldição”, “Só a mulher peca” e mesmo<br />

“Alma pervorosa”, para que fique provado o contrário.<br />

Em “Os corruptos” podemos compreender melhor Fritz Lang. Que tinha<br />

inicialmente um roteiro sem dúvida alguma excelentemente bem concebido,<br />

uno, orgânico, cinematográfico, e coerente um cenário típico de Sidney Bohen,<br />

enfim mas que se restringia aos estreitos limites do gênero policial, este roteiro,<br />

porém, parece que foi escolhido a dedo para Lang, pois possuía alguns<br />

elementos dramáticos fundamentais, como a revolta de um homem contra a<br />

sociedade, o seu desejo de fazer justiça por si só, a violência da ação, que<br />

constituem o cerne do estilo de Lang. Partindo daí, ele deu vigor e<br />

dinamicidade ao seu filme. Sua linguagem cinematográfica precisa, firme,<br />

incisiva, sensível a cada situação dramática, serviu-lhe de base para a

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