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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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A MULHER <strong>DE</strong> SATÃ<br />

25.09.54<br />

(“Miss Sadie Thompson”). EUA. Direção de Curtis Bernhardt, Roteiro de Harry<br />

Kleiner, baseado em peça teatral de Somerset Maugham. Produção de Jerry Wald<br />

para a Beckworth Corporation. Elenco: Rita Hayworth, José Ferrer, Aldo Ray,<br />

Russel Colins, Diosa Costelo e outros. Distribuição da Columbia Pictures. Em<br />

exibição no Cine Opera (em 3D) e circuito.<br />

Cot.: Regular No gênero drama.: Bom<br />

Como foi bastante anunciado “A mulher de satã” baseia-se em peça<br />

teatral de Somerseth Maugham, várias vezes representada por Dulcina, ou<br />

melhor, em um conto desse escritor, que depois foi levado para o teatro. O<br />

filme possui, portanto algo daquele superficialismo no tratamento dos grandes<br />

problemas da vida humana, que tornam a obra do romancista inglês muitas<br />

vezes pretensiosa e falsa, embora não lhe faltem também grandes qualidades<br />

literárias. “Miss Sadie Thompson” é uma peça bem típica de Maugham, não se<br />

incluindo entre seus melhores escritos, mas também não decaindo para a<br />

vulgaridade floreada de outros. E Harry Kleiner, em “A mulher de satã”, logrou<br />

de um certo modo adaptar para o cinema a peça, conservando-lhe o espírito. No<br />

filme é posto novamente o grande problema da intolerância, do puritanismo em<br />

matéria sexual. Face a face são colocados, em uma exuberante ilha do Pacifico,<br />

um puritano clássico e uma prostitua, surgindo daí o drama. Como de hábito,<br />

Maugham, não toma claramente um partido bem definido. A posição do<br />

moralista, assim como da meretriz, é condenada, mas no final um personagem<br />

dá a entender que o primeiro não estava errado em suas idéias, tendo falhado<br />

apenas quando negou praticamente os seus princípios.<br />

Não é isto, porém, mas a mediocridade de seus realizadores, em<br />

primeiro lugar do roteirista Kleiner e secundariamente do diretor, que tornou o<br />

filme apenas aceitável. Kleiner, de quem tivemos cenários dos mais medíocres,<br />

como “Montanhas ardentes” e “Rebelião na Índia”, resolveu em “Miss Sadie<br />

Thompson” fazer uma adaptação “cinematográfica” da peça, ou seja, tirá-la dos<br />

limites do palco. Esta técnica vai contra todas as últimas experiências de<br />

adaptações de peças teatrais para o cinema. De alguns anos para cá, depois de<br />

“Henrique V” e “Hamlet” principalmente, passando pelo clímax que foi “chaga<br />

de fogo”, a tendência é para a observância máxima do texto literário. Harry<br />

Kleiner, todavia, ignorou esse fato, provavelmente tendo em vista o<br />

aproveitamento que poderia fazer dos cenários naturais, e o que tivemos afinal<br />

foi um roteiro mal feito, sem curva dramática, sem perfeita seqüência, e no qual

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