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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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ROTEIRO E NOTAS<br />

19.03.54<br />

Entre as fitas que estrearam nesta semana, nenhuma atinge um alto nível<br />

artístico, embora possamos notar vários filmes de interesse. No Metro estreou<br />

ontem, “Julio César”, já exibido no I Festival Internacional de Cinema do<br />

Brasil e mais recentemente no Festival da MGM. Desta película já falamos<br />

suficientemente nestas colunas e não voltaremos a ela. É um filme<br />

essencialmente teatral, sem nenhum valor cinematográfico, mas que merece ser<br />

visto pela sua fidelidade ao texto de Shakespeare, pelo excelente desempenho<br />

do elenco, muito bem conduzido por Mankiewicz, pela autenticidade de sua<br />

cenografia e de seu vestuário. “Paris é sempre Paris”, em exibição no Opera, é<br />

o segundo filme em longa metragem de Luciano Emmer, cuja primeira<br />

realização, “Domingo de Agosto”, e a terceiras, “Garotas de Praça de Espanha”<br />

foram apresentadas em São Paulo no ano passado, revelando um diretor<br />

correto, que sabe interpretar, com alegria e um fundo do romantismo que se<br />

choca com as exigências do neo-realismo a alma do italiano médio. Como em<br />

suas demais fitas, Emmer conta nesta com a colaboração do roteirista Sergio<br />

Amidei. Pode ser considerado um bom filme.<br />

Além das duas películas citadas, despertam também a atenção “Última<br />

chance”, policial em tecnicolor que conta com a direção de Rudolph Maté e<br />

com um roteiro de Sidney Bohem, e “Melba”, um musical biográfico dirigido<br />

pelo dispersivo mas talentoso Louis Millestone. Há, também, uma comédia<br />

mexicana de caráter comercial, embora seja dirigida por Emilio Fernandes,<br />

“Acapulco”, sendo que os demais filmes não apresentam nenhum interesse. Em<br />

terceira semana, a grande atração da Cinelandia continua sendo “Última<br />

Felicidade”, essa obra-prima do cinema sueco em exibição no Normandie.<br />

Ao que tudo indica, teremos dentro em breve uma solução para a crise<br />

por que vem passando a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, dado o<br />

interesse do governo federal e do estadual. Duas são as possibilidades mais<br />

viáveis: a compra pelo governo do Estado, da maioria das ações, em caso de<br />

aumento de capital da empresa, ou o financiamento, pelo governo federal, de<br />

cada película a ser produzida. A primeira idéia, proposta pelo governador<br />

Lucas Nogueira Garcez é apoiada pelos empregados da Companhia,<br />

solucionaria a questão de maneira radical, enquanto que a segunda, a não ser<br />

que o financiamento fosse inicialmente em grande escala, resolveria o<br />

problema apenas em parte. Sabemos que os débitos da Vera Cruz já são<br />

enormes (200 milhões de cruzeiros), mas assim mesmo parece-nos a segunda<br />

solução a melhor, apesar de todas as suas deficiências. Não podemos aceitar a

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