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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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LÁGRIMAS AMARGAS<br />

28.03.54<br />

(“The Star”). EUA. 53. Direção do Stuart Heisler. Produção de Bert E. Friedlb.<br />

Roteiro original de Katherine Albert e Dale Eunson. Fotografia de Ernest Laszlo.<br />

Música de Victor Young. Elenco: Bette Davis, Sterling Hayden, Natalie Wood,<br />

Warner Anderson, Minor Watson, Katherine Warren, Fay Baker, Bárbara<br />

Lawrence e outros. Fox. Em exibição no Marabá e circuito.<br />

Cot.: Regular Gen.: Drama<br />

“Lágrimas amargas”, produção da Fox, que está sendo apresentada no<br />

Marabá e circuito, procura reeditar o êxito de “Sunset Boulevard”. O tema é o<br />

mesmo. A grande estrela, que foi protagonista de filmes inesquecíveis, não<br />

interessa mais aos produtores. Envelhecida, fora de moda, já não atrai o<br />

público, mas não pode, nem quer se convencer disso. Crê ainda que é uma<br />

grande artista; tudo para ela é a sua carreira, e verifica-se então o drama.<br />

Entretanto, apenas o tema é o mesmo. Não há dúvida que os cenaristas<br />

Katherine Albert e Dale Eunson tentaram imitar “Sunset Boulevard”, mas<br />

falharam. Em “The Star” não temos nem sombra daquela tragédia grandiosa e<br />

esmagante do filme de Billy Wilder (que, aliás, tem um outro filme seu, “O<br />

inferno 17”, que já comentamos, atualmente em exibição na Cinelandia).<br />

“Lágrimas amargas” não passa de mais uma fitazinha correta e bem<br />

intencionada da Fox.<br />

A dupla de roteiristas, que nos referimos acima, cabe boa parte da culpa.<br />

Revelando uma mediocridade irritante, escreveram um roteiro absolutamente<br />

neutro, cujas possibilidades dramáticas eram bem poucas. Indecisos, limitaramse<br />

a descrever a personagem central, e, mesmo assim, nunca se decidiram a<br />

torná-la simpática ou antipática, só o fazendo no final do filme, quando<br />

encontraram a solução mais fácil.<br />

Nas mãos de um diretor de personalidade, esse roteiro, com algumas<br />

modificações, poderia produzir um excelente filme. Bastaria que ele não se<br />

limitasse a dirigir os atores, mas se interessasse pelos problemas da cenografia,<br />

da montagem, da fotografia etc.; bastaria, apenas, que ele tivesse talento. Mas<br />

essa não é uma qualidade de Stuart Heisler, que, no entanto, chegou a despertar<br />

a atenção da crítica há alguns anos. Em “The Star”, porém, ele está<br />

inqualificável, repetindo o seu trabalho em “Vingador impiedoso”, “Luz na<br />

alma” e “A ilha do desejo”. Não obstante todo o esforço da extraordinária Bette<br />

Davis, que está em plena forma, em nenhum momento seu filme consegue<br />

convencer. Ela mesma, cujo papel não podia ser mais apropriado, sente-se às

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