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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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CORAÇÃO <strong>DE</strong> MULHER<br />

26.06.54<br />

(“Un marito per Anna Zacheu”). Itália. 53. Direção de Giuseppe de Santis. Roteiro<br />

original de Gianetti, Laurani, Zavattini e De Santis. Fotografia de Otello Martelli.<br />

Elenco: Silvana Pampanini, Massimo Girotti, Amedeo Nazzri, Umberto Spadaro e<br />

outros. Produção de Forges D’Avanzatti. Em exibição no Jussara.<br />

Cot: Regular Gen.: Para adultos<br />

De Santis vem se revelando um diretor irregular cheio de altos e baixos.<br />

Entretanto, depois de vermos “Roma às onze horas”, um filme realmente<br />

extraordinário, esperávamos que ele se firmasse definitivamente. Estávamos<br />

enganados, “Un marito per Anna Zacheo” veio prová-lo. De Santis continua<br />

um diretor em quem não se pode confiar.<br />

De uma coisa, porém, podemos estar certos, quando formos assistir a um<br />

filme do diretor italiano, estaremos diante de uma película absolutamente<br />

pessoal. É o caso de “Coração de mulher”, uma de suas mais fracas realizações.<br />

Nesse filme apenas não se apresenta com muita evidência caráter panfletário da<br />

obra de De Santis, que tem como grande preocupação o problema social, sob o<br />

ponto de vista marxista. A luta de classes está presente, nessa sua última fita,<br />

não só no cerne de seu tema, que é o das mocinhas que perdem a honra, como<br />

em vários diálogos esparsos. Mas De Saitis não insiste muito nessa questão.<br />

Aliás, em “Un marito per Anna Zacheo” o diretor de “Trágica<br />

perseguição” não insiste em nada. Nessa fita, em cujo roteiro ele contou com a<br />

colaboração de Zavattini, Gianetti e Laurani, estão presentes todas as suas<br />

tendências (inclusive para a realização de uma obra de arte ...), mas nenhuma<br />

delas é levada até às suas últimas conseqüências. Já o roteiro do filme é<br />

desequilibrado, sem unidade de ação ou de clima. Além de sua estruturação não<br />

ser das mais brilhantes, em certos momentos ele tende para a crônica<br />

romântica, em outros para a comédia, em outros para o melodrama, para o<br />

realismo puro e simples e para o drama humano, resultando disso uma<br />

miscelânea, que não logra convencer. Não há dúvida que De Santis consegue<br />

criar algumas seqüências bastante dignas, como a do encontro com o<br />

marinheiro e as duas despedidas, principalmente a última, quando falha apenas<br />

aquele “traveling” ao longo da grade do porto, que é perfeitamente arbitrário.<br />

E é a arbitrariedade da montagem de De Santis, aliás, que mais prejudica<br />

a película. Não há dúvida que sua linguagem cinematográfica é muito rica e<br />

poderosa, mas ele abusa, freqüentemente, tornando tudo falso. De Santis não

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