09.05.2013 Views

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

MA<strong>DE</strong>MOISELLE<br />

19.05.54<br />

II Parte de “The Story of Three Loves”. EUA. 52. Direção de Vincent Minelli.<br />

Roteiro de Jan Lustig e George Foeschel. Produção de Sidney Franklin. Música de<br />

Miklos Rosa. Fotografia em tecnicolor. Elenco: Leslie Caron, Farley Granger,<br />

Ethel Barrymore, Zsa Zsa Gabor e outros. Produção da Metro.<br />

Cot.: Muito bom Gen.: Drama poético<br />

“Mademoiselle” é um pequeno e maravilhoso trecho de cinema. É um<br />

filme encantado, que, como todas as películas em que o fantástico, o<br />

maravilhoso penetram, deve ser vista duas vezes para melhor ser<br />

compreendida. Na primeira vez aquela fuga da realidade nos choca, não a<br />

aceitamos totalmente, mas, depois, nos integramos no filme e compreendemos<br />

toda a sua poesia e beleza.<br />

Em “Mademoiselle” entramos em um reino inesperado: o da imaginação<br />

e do amor infantil. Seu titulo é “Mademoiselle”, mas na verdade é a história de<br />

um menino que deseja se tornar homem, ou melhor, é muito mais do que isso;<br />

nesse pequeno conto, Vincente Minelle e os roteiristas Jan Lustig e George<br />

Froeschel focalizam com notável sensibilidade poética aquele amor indefinido<br />

e singularmente puro que as crianças, antes mesmo de entrarem na<br />

adolescência, nutrem pelos adultos do outro sexo. Trata-se de algo de<br />

incompreensível para quem o sente, de algo intangível, de um vago sentimento,<br />

que se traduz no desejo de se tornar adulto. Um dia Tommy, menino de 11<br />

anos, que está na Itália com os pais, e tem uma jovem governante francesa para<br />

ensinar-lhe sua língua, encontra uma velha, Pennicott, proporciona a Tommy a<br />

oportunidade de se tornar adulto durante algumas horas e então ele realiza o<br />

seu sonho, cujo objeto é a pequena e detestada “Mademoiselle”. Tudo então<br />

obtém um novo valor, toma um interesse diferente para o menino, mas logo<br />

chega a meia-noite, uma hora em que se deve voltar ao normal, “porque há<br />

precedentes”, como diz a Sra. Pennicott, e então a única solução é enfrentar a<br />

realidade tal como ela é.<br />

O roteiro de Jan Lustig e George Froeschel é excelente, pela inteligência<br />

e sensibilidade com que o assunto foi tratado e pelo senso de síntese<br />

cinematográfica que os norteou. Vincent Minelli, por seu lado, está em um de<br />

seus melhores dias. Seu trabalho de montagem e de direção dos atores atraí-nos<br />

singularmente. O ritmo que ele imprimiu ao filme é absolutamente autêntico e<br />

a enquadrar ele usou dos primeiros e primeiríssimos planos com abundância e<br />

propriedade. Não há dúvida que ele se integrou bem no espírito do filme, e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!