09.05.2013 Views

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

SEGUNDO PASSO<br />

11.04.54<br />

Em nossa crônica de ontem, dizíamos que “A rainha virgem” é a<br />

resposta à promessa que a Metro nos havia feito com “Scaramouche”.<br />

Realmente esse filme representa o segundo passo da renovação iniciada por<br />

“Scaramouche.” nos filmes de aventura.<br />

“The young bess” é a história da mocidade da rainha Isabel, ou se<br />

quiserem, Elisabeth, de Inglaterra, desde o seu nascimento até o dia da<br />

coroação. Naturalmente, os roteiristas do filme, que se basearam em uma<br />

novela, não se preocuparam com a absoluta historicidade da narração, não<br />

sendo necessário repetir que a obra de arte dispensa perfeitamente esses<br />

requisitos. Pode-se notar no filme, pelo contrario, inverdades e adulterações<br />

flagrantes, que lhe tiram qualquer valor sob um ponto de vista cultural e de<br />

respeito à verdade. Mesmo a personalidade de muitas personagens,<br />

principalmente a de Tom Seymour, não foi de forma alguma respeitada, se bem<br />

que a caracterização da rainha Isabel, na sua mocidade, tenha guardado uma<br />

certa fidelidade ao que ela foi realmente. Na maioria dos casos, a personagem<br />

que surge no filme só tem o nome da figura que pretende caracterizar, e mais<br />

nada.<br />

O que temos, portanto, não é exatamente um filme histórico, mas uma<br />

fita de amor e de aventuras. A fantasia e a irrealidade encontraram no cinema o<br />

seu meio mais legitimo de expressão; “A rainha virgem” é um exemplo. O<br />

valor do filme, de George Sidney, aliás, é precisamente esse. Não há por parte<br />

de seus realizadores preocupações pela realidade. O que lhes interessa é a<br />

verossimilhança e uma certa contextura lógica da história. Conseguido isso e<br />

criadas algumas personagens que, sem se limitarem a meros clichês,<br />

permanecem no entanto em um campo idealizado, o problema agora é<br />

puramente de ordem formal. Como acontece nos musicais, o filme de aventuras<br />

exige uma estilização que vai do emprego do tecnicolor, até à estrutura interna<br />

das situações que vão surgindo. Verifica-se, portanto, um absoluto predomínio<br />

da forma na fita, pela idealização é pela estilização da realidade, residindo<br />

nisso o âmago da renovação de que falamos.<br />

Quem conseguiu esse resultado inicialmente foi Arthur Freed, com seus<br />

musicais, e agora George Sidney nos filmes de aventura. O que fez Sidney,<br />

naturalmente, foi uma tarefa muito mais fácil. Ele limitou-se a empregar os<br />

recursos, os processos e a técnica de musicais como “Cantando na chuva”, no<br />

seu filme. Todos os recursos técnico artísticos dos estúdios da Metro, que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!