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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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FÚRIA DO <strong>DE</strong>SEJO<br />

28.08.54<br />

(“Ruby Gentry”). EUA. 52. Direção de King Vidor. Produção de King Vidor e<br />

Joseph Bernhardt. Roteiro de Silvia Richards, baseado em história de Arthur Fitz<br />

Richards. Música de Hens Roehme. Elenco: Jennifer Jones, Charlton Heston, Karl<br />

Malden, Tom Tully, e outros. Produção da Bernhardt, Vidor. Productions Inc.<br />

Distribuição da Columbia. Em exibição no Marabá e circuito.<br />

Cot.: Bom No gênero drama: Idem<br />

“Fúria do desejo” é o exemplo clássico do filme que nada seria, se não<br />

fosse a presença de um grande diretor para realizá-lo. King Vidor tinha diante<br />

de si uma história das mais fracas, roteirizadas sem inspiração cinematográfica<br />

por Silva Richards, mas o famoso cineasta não estava deslocado, como<br />

aconteceu ainda recentemente em “A intrusa” e em “Ciúme que mata”. O<br />

enredo idealizado por Arthur Fitz Richards, tendo por cenário uma cidade do<br />

Sul dos Estados Unidos, permitia-lhe criar um clima de paixões intensas, de<br />

violência e de vigor, o qual se enquadrava bem no seu estilo. Desta forma,<br />

King Vidor colocou no filme todo o seu talento, marcou-o com sua forte<br />

personalidade, realizando uma fita desequilibrada, mas onde se nota o toque do<br />

artista.<br />

“Furia do desejo” é a história de Ruby Gentry, filha de estalajadeiro e<br />

caçador de baixa condição social do Sul dos Estados Unidos. Nessa região<br />

persiste ainda a desumana e anticristã separação, não só entre as raças, mas<br />

ainda entre pessoas de classes diferentes. Descendente de velhas famílias de<br />

agricultores, a gente tem o preconceito arraigado em seu sangue. Isto, todavia,<br />

não impede que Ruby, um temperamento voluntarioso, sensual e exótico,<br />

perdidamente se apaixone por um legítimo filho de fazendeiro, que também<br />

possui personalidade violenta e vigorosa. Tendo por base esse amor, e todas as<br />

conseqüências trágicas que dele advêm, pois os personagens do filme não são<br />

meros bonecos, simples marionetes que se movam a um simples desejo do<br />

cenarista, mas possuem personalidade e vida própria, sendo conseqüentes<br />

consigo mesmos até o fim, partindo dai Vidor realizou seu filme, que não fosse<br />

o roteiro, se inscreveria entre suas melhores realizações.<br />

King Vidor não chega a se por decididamente contra o preconceito de<br />

classe, que torna infeliz Ruby Gentry. A um certo momento mesmo, temos a<br />

impressão que ele vai defendê-lo, seguindo bastante a linha. de “Vontade<br />

Indômita”, em contraposição às idéias de igualdade e compreensão de<br />

“Aleluia”. Entretanto, devido à história desencontrada e nem sempre lógica,

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