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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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ADAPTAÇÃO IMPERFEITA<br />

14.10.54<br />

Em nossas crônicas de ontem e anteontem falamos sobre “Floradas na<br />

Serra”. A própria extensão desta análise, que foi se alongando, embora<br />

pretendêssemos resumi-la, serve como prova de que não se trata de uma<br />

película inexpressiva e de rotina. Temos um filme malogrado, não há dúvida,<br />

mas não podemos negar aos seus realizadores inteligência e capacidade.<br />

Conforme dissemos em nossas crônicas anteriores, a adaptação<br />

imperfeita do romance à tela, procurando dar ao filme um espírito diferente da<br />

obra literária, resultou em completo desequilíbrio da fita. E ao roteirista Fabio<br />

Carpi, evidentemente, é que devemos atribuir essa falha. Mas não é só.<br />

Derivando em grande parte do desequilíbrio de forma e de conteúdo do filme, o<br />

cenário que escreveu não tem unidade nem curva dramática. Fragmentário,<br />

cortado em uma série enorme de seqüências, mal estruturado, não logra tornarse<br />

um filme social ou o drama de um grupo de personagens, prejudicando, no<br />

entanto o desenrolar da história de Lucilia e Bruno. E assim a pequena tragédia<br />

da mulher tuberculosa, apaixonada por um doente que logo se cura, enquanto<br />

ela piora cada vez mais, não consegue nos emocionar, integrando-nos no filme.<br />

Todavia, e apontamos todos esses defeitos no roteiro do filme, isso não<br />

significa que o trabalho de Fabio Carpi seja primário de principiante. Vê-se que<br />

ele conhece o seu “metier” , devendo-se a isso o caráter de certo modo<br />

internacional da fita. Seu “screen play” não foi bem sucedido, não porque ele<br />

desconhecesse tecnicamente o que devia fazer, mas porque não soube levar até<br />

o fim as transformações que pretendeu realizar no romance original.<br />

Na direção, Luciano Salce também não foi totalmente bem sucedido.<br />

Relativamente seguro, logrou dar influência e continuidade ao filme. Em<br />

alguns momentos, porém, revelou-se um tanto descuidado, em oposição com o<br />

formalismo falso que imprimiu a outras seqüências do filme. Vejamos por<br />

exemplo a morte de Belinha, que inicialmente nos pareceu um modelo de<br />

seqüência cinematográfica, e depois perdeu-se em uma procura formal falsa.<br />

Todavia, revelando sua condição de diretor de teatro, Salce dirigiu muito<br />

bem os atores e soube fazê-los movimentar-se dentro do quadro com absoluta<br />

funcionalidade. No elenco, sobressaiu-se com excelente desempenho, Miro<br />

Cerni, talvez o melhor ator do cinema nacional. No Papel de Belinha, Gilda<br />

Nery revelou um notável progresso em relação ao seu primeiro trabalho, em<br />

“Uma pulga na balança” Lola Brah e Silvia Fernanda estão bem; Ilka Soares e

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