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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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FORMA IMPECAVEL<br />

01.05.54<br />

Conforme afirmávamos em nossa crônica de ontem, “O pirata<br />

sangrento”, o atual cartaz do Art Palácio, dirigido por Robert Siodmak, com<br />

roteiro e história de Roland Kibbee, é uma comédia notável.<br />

Explorando o absurdo de maneira brilhante, tivemos um dos filmes mais<br />

puramente satíricos de quantos temos vistos. Película vibrante, cheia de vida<br />

revelando riqueza de imaginação estudante, nunca decai para a vulgaridade.<br />

Mas se “The crimson pirate”possui todas essas qualidades, é porque o<br />

fundamento crítico do filme está solidamente apoiado em uma perfeição formal<br />

de grande classe. Sem falar da música, que é excelente, da fotografia em<br />

tecnicolor, dos “decors” e especialmente do vestuário estilizado, que é ao<br />

mesmo tempo ridículo e belo, o cerne formal de uma fita sua direção e seu<br />

roteiro também são muito bons.<br />

Roland Kibbee, inegavelmente o grande realizador da fita, escreveu um<br />

roteiro impecável. As dificuldades que se apresentavam para por em termos de<br />

cinema todo aquele amontoado de absurdos eram enormes e no entanto Kibbee<br />

não só os imaginou, como também os ordenou perfeitamente dentro do filme.<br />

O inicio da fita, a tomada do navio espanhol e depois a fuga dos soldados, para<br />

impressionar os revolucionários, é espetacular. Apresenta possibilidades<br />

cinematográficas excelentes. ficamos depois, no entanto, com medo que a fita<br />

não mantivesse o mesmo ritmo, mas nosso temor não se justifica. Kibbee<br />

idealizou a fita dentro de uma linha absoluta de unidade, não só de história,<br />

como também rítmica, dali não sai em momento algum. Kibbee não consegue<br />

ser ao mesmo tempo poético, dramático e satírico, como René Clair.<br />

Permanece no reino mais limitado da sátira e da aventura, mas nele se<br />

estabelece de maneira absoluta.<br />

A Robert Siodmak, o diretor, o filme também deve muito, embora<br />

saibamos das limitações impostas aos diretores em Hollywood. Talvez outro<br />

cineasta pudesse alcançar o mesmo resultado, com o mesmo roteiro e a mesma<br />

equipe técnica, mas não há duvida de que o trabalho do cineasta alemão está<br />

ótimo. Robert Siodmak, que iniciou sua vida como diretor na Alemanha,<br />

passando depois para a França, onde ganhou fama, não conseguiu manter o<br />

mesmo nível em suas fitas, quando foi para os Estados Unidos, com o inicio da<br />

guerra de 1939. Entretanto, realizou ainda alguns filmes (“Criss Cross”, “The<br />

Killers”), que seu estilo seco, seguro e incisivo muito valorizaram. Entretanto,

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