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CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

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UMBERTO D<br />

08.07.54<br />

(‘Umberto D’). Itália. 1951. Direção de Vittorio De Sica. Roteiro e história de<br />

Cesare Zavattini. Música de A. Cicognini. Fotografia de G. R. Aldo. Elenco:<br />

Carlo Battist e Maria Pia Castilio. Produção Amato-De Sica-Rizzolo. Exibido no<br />

Festival da Art.<br />

Cot.: Ótimo Gen.: Para todos<br />

Por diversos motivos, o crítico geralmente evita as afirmações<br />

categóricas e gerais. Não apreciamos esta técnica, embora saibamos da<br />

relatividade e dos riscos de uma tomada de posição desta ordem.<br />

Principalmente diante de um filme como “Umberto D” não é possível ser<br />

ambíguo. Com esta fita, Vittorio De Sica realizou um grande filme, uma das<br />

obras máximas do neo-rea1ismo italiano, talvez mesmo sua película mais<br />

perfeita e bela.<br />

“Humberto D” é um filme de grandes proporções e por isso mesmo pode<br />

e deve ser analisado sob numerosos aspectos. Depois de velo, problemas vários<br />

— como o da autoria, o da inserção em uma escola, o da mensagem social, o da<br />

mensagem de solidariedade humana, o formal, o do seu final chapliniano etc.<br />

apresentam-se a nossa mente, ao mesmo tempo que compreendemos a fita<br />

como um todo sólido e orgânico.<br />

Conforme pensamos ter deixado suficientemente claro em nossa crônica<br />

de ontem, “Umberto D” insere-se na corrente do realismo fenomenológico, do<br />

qual, aliás, é um dos exemplos mais perfeitos. Todas as principais<br />

características dessa corrente, as quais não vamos repetir agora, estão<br />

perfeitamente presentes no filme de De Sica. A existência e personalidade<br />

daquele pobre funcionário público aposentado nos são mostradas na sua<br />

totalidade, sem preocupação de analise psicológica ou seja o que for.<br />

Compreendemos o senhor Umberto pela sua simples presença, pela sua vida<br />

falida, que De Sica nos apresenta em ritmo lento, com planos amplos, com a<br />

fotografia neutra, acinzentada, em um roteiro escrito linearmente, mas de<br />

maneira magnífica, por Cezare Zavattini.<br />

Este filme, aliás, é uma obra bem autêntica de De Sica e Zavattini. O<br />

primeiro desses cineastas, como todos sabem, iniciou sua carreira no cinema<br />

como ator, e até hoje continua interpretando, como vimos recentemente em<br />

“Outros tempos”. Iniciando seu trabalho como diretor, demonstrou possuir<br />

boas qualidades, com “Rosas vermelhas” e “Teresa Venerdi”, mas foi só

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