09.05.2013 Views

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

CRÍTICA DE CINEMA EM O TEMPO – 1954 - Bresser Pereira

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

INGÊNUA ATÉ CERTO PONTO<br />

30.06.54<br />

(“The moon is blue”). EUA. 53. Direção e Produção de Otto Preminger. Roteiro<br />

de F. Hugh Herbert, baseado em peça de sua autoria. Elenco: Maggie McNamara,<br />

William Holden, David Niven, Tom Tuly e Dawn Adams. Distribuição da United<br />

Artists. Em exibição no Marrocos e circuito.<br />

Cot.: Regular Gen.: Para adultos<br />

“Ingênua até certo ponto” é um filme que merece ser visto, embora de<br />

cinema tenha muito pouco. Baseia-se ele em uma conhecida peça de Hugh<br />

Herbert, “The moon is bluie”, que teve grande sucesso na Brodway e foi<br />

apresentada em São Paulo pelo teatro Brasileiro de comédia e pelo Teatro<br />

Intimo de Nicete Bruno. A fita que foi dirigida por Otto Preminger e roteirizada<br />

pelo próprio autor da peça, põe-nos novamente diante do velho problema das<br />

relações entre o cinema e o teatro. Naturalmente não vamos repetir aqui nossa<br />

opinião sobre o assunto em termos gerais. Interessa-nos no momento o<br />

problema da transposição do teatro para o cinema de “The moon is Blue”, que<br />

inegavelmente, sob o ponto de vista cinematográfico, falhou.<br />

Realmente, embora não gostemos de dizer, como muita gente, que “isto<br />

é cinema”, que “aquilo não é cinema”, é impossível negar a absoluta<br />

supremacia do teatro sobre o cinema nesse filme. Seus realizadores, segundo<br />

uma tendência já consagrada em Hollywood, procuraram modificar a peça o<br />

menos possível, ao adaptá-la para a tela. Herbert, escrevendo o roteiro baseado<br />

em sua própria obra teatral, limitou-se quase que unicamente a uma transcrição.<br />

Preminger também não se preocupou com a qualidade cinematográfica da fita.<br />

Esse diretor obteve um grande êxito com “Laura”, um filme social de base<br />

psicológica de grande classe, mas depois nunca mais atingiu ao nível dessa fita.<br />

Realizou, não há dúvida, algumas películas corretas e bem feitas, como “O<br />

leque”, e “Passos na noite”, outras mais fracas, como “A ladra”, “Entre o amor<br />

e o pecado” e “Cartas venenosas” (a versão norte-americana de “Lecorbeau”,<br />

de Couzot), demonstrando sempre ser um cineasta apenas aceitável. Mas em<br />

nenhuma delas, aquelas grandes qualidades que apreciam em “Laura” estavam<br />

presentes.<br />

Dessa forma, em “Ingênua até certo ponto”, ele limitou-se a filmar a<br />

peça, dirigindo muito bem os atores, o que aliás é uma especialidade sua, e<br />

procurando imprimir à fita o ritmo correspondente ao seu diálogo, no que não<br />

foi totalmente bem sucedido. Tivemos assim, um filme, cujas maiores<br />

qualidades estão na peça teatral, que é inteligentíssima, brilhante, com diálogos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!