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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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sociais que <strong>luta</strong>ram por saú<strong>de</strong> e alcançaram a lei <strong>do</strong>s Conselhos. Agora, a revoluçãosaiu <strong>de</strong> moda. Mas a saú<strong>de</strong> coletiva, continua predican<strong>do</strong> que a produção da saú<strong>de</strong><strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ria <strong>do</strong> bom governo. Certo, certíssimo. Daí surgiram as propostas <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>ssaudáveis, valorizan<strong>do</strong>-se a inevitável ação intersetorial. Muito bem. Acontece que osprojetos elabora<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong>sta concepção esclarecem o papel <strong>do</strong> governo e dasocieda<strong>de</strong> na produção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, mas explicitam pouco sobre o papel específico <strong>do</strong>sserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Além <strong>de</strong> superegos sociais, o que mais caberia aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>?Analisar a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminações complexas <strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>-<strong>do</strong>ença, cobran<strong>do</strong>ação e reformas. Muito bem. Mas e os serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, o que fariam? Engenharia <strong>de</strong>tráfego, educação pública básica, urbanismo, distribuição <strong>de</strong> renda, reforma agrária,abastecimento?Não vai aqui <strong>de</strong>mérito a esta lógica. Vai cobrança. Falta ainda precisarmos o quefaremos com nossos instrumentos específicos: ferramentas da saú<strong>de</strong> pública e daassistência individual. Como potencializá-las? Em que medida investirmosespecificamente nelas? Como reorganizá-las? Quais nossos limites <strong>de</strong> competência e <strong>de</strong>responsabilida<strong>de</strong>?Onipotência da análise, pequena potência da prática. No fun<strong>do</strong>, ven<strong>de</strong>mos aidéia <strong>de</strong> que a promoção da saú<strong>de</strong> e a prevenção esgotariam to<strong>do</strong> o cardápio <strong>de</strong> ofertas<strong>do</strong>s sistemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Ou seja, promoção e prevenção seriam O MODELO. “O”, artigo<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>, transforma<strong>do</strong> no “OM” místico 1 , na idéia totalitária <strong>de</strong> um holismo que produzbelas <strong>de</strong>clarações em um ponta e impotência na outra. Tu<strong>do</strong> estaria <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pelosocial, e o social somente po<strong>de</strong>ria ser muda<strong>do</strong> com ações “OM”. Projetos <strong>de</strong> macropolítica.Equação complicada <strong>de</strong> se lidar, porque contém verda<strong>de</strong> e mentira <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la,ao mesmo tempo.Um <strong>do</strong>s sintomas <strong>de</strong> onipotência é a arrogância com que se suce<strong>de</strong>m assertivastotaliza<strong>do</strong>ras. A saú<strong>de</strong> coletiva, no fun<strong>do</strong>, também se imagina auto-suficiente para <strong>de</strong>finirnecessida<strong>de</strong>s. As necessida<strong>de</strong>s epi<strong>de</strong>miologicamente <strong>de</strong>finidas seriam mais necessárias<strong>do</strong> que as outras, em princípio. Se, por um la<strong>do</strong>, jamais po<strong>de</strong>ríamos renunciar ao olharcrítico que a epi<strong>de</strong>miologia nos fornece; por outro, seria bom nos recordarmos da noção<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Canguilhem. Para ele, saú<strong>de</strong> seria a maior ou menor capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cadaum gastar sua própria vida (Canguilhem, 1982). Os projetos existenciais imbutem riscos,alguns, eleitos pelas pessoas, outros, impostos pelas circunstâncias. Corre<strong>do</strong>res daFórmula Um trocam segurança pela glória e riqueza. Motoristas que trafegam pelasestradas brasileiras arriscam-se para sobreviver.Freqüentemente, a saú<strong>de</strong> coletiva tem produzi<strong>do</strong> um discurso moralista sobreestilos <strong>de</strong> vida, tentan<strong>do</strong> apresentar um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> andar a vida como sen<strong>do</strong>o mais racional, o mais salubre. A saú<strong>de</strong> pública oficial, em muitas situações, beira ofundamentalismo mais torpe. Estaria coloca<strong>do</strong> para a saú<strong>de</strong> coletiva o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong>combinar seu discurso sobre o saudável com as <strong>de</strong>clarações em que os váriosagrupamentos da socieda<strong>de</strong> civil reelaborariam estas <strong>de</strong>finições. O velho dilema, daparticipação, mas também o <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>rmos a escutar outras formas da socieda<strong>de</strong> seexpressar. Seria tempo <strong>de</strong> reconhecermos a complexida<strong>de</strong> das mensagens inscritas na<strong>de</strong>manda. Há pilhas e pilhas <strong>de</strong> textos comprovan<strong>do</strong> o movimento medicalizante econsumista <strong>de</strong>ste fluxo “espontâneo”. Há montes <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s atestan<strong>do</strong> a indução <strong>de</strong>steespontâneo pelo aparelho médico-hospitalar-industrial. Agora, haveria que se reconhecer1. “OM” - conceito budista que simbolizaria o to<strong>do</strong>.SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>119

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