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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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No início <strong>do</strong>s anos 90, o Ministério da Saú<strong>de</strong>, já sob forte influência política ei<strong>de</strong>ológica <strong>do</strong> Movimento, das experiências santista e paulista e, ainda, <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>a<strong>do</strong>pelo PL, a<strong>do</strong>tou a Portaria 189/91, que ampliava e diversificava os procedimentosda Tabela SIH/SUS e SIS/SUS, possibilitan<strong>do</strong> o financiamento <strong>de</strong> novasestruturas assistenciais <strong>do</strong> tipo Centros <strong>de</strong> Atenção Psicossocial, Núcleos <strong>de</strong> AtençãoPsicossocial, hospitais-dia e unida<strong>de</strong>s psiquiátricas em hospitais gerais. A gran<strong>de</strong>inovação trazida por esta portaria está no fato <strong>de</strong> viabilizar a possibilida<strong>de</strong> efetiva <strong>de</strong>financiamento <strong>de</strong> estruturas não manicomiais, o que, embora fosse um princípio existente<strong>de</strong>ste os primeiros momentos <strong>do</strong> MTSM, ainda não tinha sua viabilida<strong>de</strong> concretizada.A Portaria 224/92, por outro la<strong>do</strong>, ao estabelecer condições <strong>de</strong> funcionamento <strong>do</strong>sserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental (e manicomiais), dava início a um processo <strong>de</strong> fechamento <strong>de</strong>serviços hospitalares abso<strong>luta</strong>mente precários e “qualificava” os existentes 26 .Em <strong>de</strong>corrência da primeira portaria foram cria<strong>do</strong>s 48 hospitais-dia (29 públicos,11 contrata<strong>do</strong>s e 08 universitários), 57 CAPS/NAPS (46 públicos e 11 contrata<strong>do</strong>s), e1765 leitos psiquiátricos em hospitais gerais (595 públicos, 691 contrata<strong>do</strong>s e 434 universitários),o que parece ser suficiente para caracterizar a constituição <strong>de</strong> uma nova re<strong>de</strong>assistencial em psiquiatria. Já como conseqüência da segunda portaria, somada aotrabalho político <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste da função terapêutica <strong>do</strong> manicômio, existente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> ofinal <strong>do</strong>s anos 70, o número <strong>de</strong> hospitais psiquiátricos que, em 1981 era 430 (357 priva<strong>do</strong>s/filantrópicos e 73 públicos), em 1991 caiu para 313 (259 priva<strong>do</strong>s/filantrópicos e 54públicos) e, ainda, em 1996, para 269 (219 priva<strong>do</strong>s/filantrópicos e 50 públicos). De1991 para 1996 foram fecha<strong>do</strong>s 17575 leitos psiquiátricos manicomiais 27 .Retornan<strong>do</strong> aos primeiros anos da década <strong>de</strong> 90, quan<strong>do</strong> já havia si<strong>do</strong> inicia<strong>do</strong> otrabalho <strong>de</strong> Santos e já estava aprovada na Câmara o PL 3657/89, foram realiza<strong>do</strong>simportantes eventos, <strong>de</strong>ntre os quais <strong>de</strong>stacam-se a 2ª Conferência Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>Mental, em Brasília, no ano <strong>de</strong> 1992, e o I Encontro Nacional da Luta Antimanicomial,realiza<strong>do</strong> em Salva<strong>do</strong>r, em 1993.Contan<strong>do</strong> com mais <strong>de</strong> 1.500 participantes, <strong>de</strong>ntre usuários, familiares, técnicos erepresentantes <strong>de</strong> entida<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong> civil, a 2ª Conferência reconfirma os princípiosextraí<strong>do</strong>s da Conferência anterior e <strong>do</strong> Movimento, incorporan<strong>do</strong> tanto osprincípios da reforma sanitária como um to<strong>do</strong>, quanto os princípios da <strong>de</strong>sinstitucionalizaçãoenquanto um processo social e epistemológico complexo, centra<strong>do</strong> nãoapenas em medidas sanitárias e assistenciais, mas, também, em princípios conceituais eculturais 28 . Em outras palavras, a 2ª Conferência foi o momento estratégico <strong>de</strong> inclusãona política nacional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental <strong>do</strong>s princípios básicos da reforma psiquiátrica talcomo <strong>de</strong>finida anteriormente.26. Escrevi qualificava entre aspas no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> questionar, sen<strong>do</strong> coerente com os princípios <strong>do</strong> i<strong>de</strong>al“uma socieda<strong>de</strong> sem manicômios”, a pertinência <strong>de</strong> humanizar ou mo<strong>de</strong>rnizar manicômios, na mesmalinha em que se po<strong>de</strong>ria argüir se seria possível ou <strong>de</strong>sejável humanizar ou mo<strong>de</strong>rnizar campos <strong>de</strong>concentração, por exemplo.27. Outras informações po<strong>de</strong>m ser encontradas em Alves, Domingos Sávio, et alii, 1996. “A reestruturaçãoda atenção em Saú<strong>de</strong> Mental no Brasil”. Ministério da Saú<strong>de</strong>, mimeo.28. Estima-se que, nas três etapas da Conferência, isto é, <strong>do</strong>s encontros preliminares até sua realização,cerca <strong>de</strong> 20.000 pessoas estiveram diretamente envolvidas no processo. Para maiores <strong>de</strong>talhes sobre aConferência ver: Ministério da Saú<strong>de</strong>, 1994. Relatório Final da 2ª Conferência Nacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental.Brasília: Cosam.174 SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>

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