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A luta do CEBES - Faculdade de Saúde Ibituruna - FASI

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ainda, <strong>de</strong> que o percentual <strong>de</strong> internações <strong>de</strong>sta especialida<strong>de</strong> foi eleva<strong>do</strong> em 344% <strong>de</strong>1973 para 1976 8 .Embora <strong>de</strong>s<strong>de</strong> esta época os técnicos progressistas <strong>do</strong> MPAS, inspira<strong>do</strong>s no mo<strong>de</strong>loda psiquiatria comunitária norte-americana, já preconizassem os recursos então<strong>de</strong>nomina<strong>do</strong>s <strong>de</strong> “extra-hospitalares” (ambulatório, pensão protegida, hospital-dia,programas <strong>de</strong> atenção primária, etc), <strong>do</strong> total <strong>de</strong> gastos com a assistência psiquiátricadaquele Ministério no mesmo ano <strong>de</strong> 1977, 96% foram <strong>de</strong>stina<strong>do</strong>s à re<strong>de</strong> hospitalar e osrestantes à re<strong>de</strong> extra-hospitalar, composta exclusivamente <strong>de</strong> ambulatórios 9 .A política <strong>de</strong> privatização <strong>do</strong> MPAS era acompanhada <strong>de</strong> um expressivo lobby nointerior e em torno <strong>de</strong> sua máquina administrativa, o que afastava qualquer possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> inversão na política <strong>de</strong> compra <strong>de</strong> serviços. Assim, enquanto os leitos psiquiátricospúblicos passaram <strong>de</strong> 21.079 em 1941 para 22.603 em 1978, os priva<strong>do</strong>s passaram <strong>de</strong>3.034 para 55.670 no mesmo perío<strong>do</strong> 10 . O crescimento maior <strong>de</strong>stes últimos foi observa<strong>do</strong>a partir <strong>do</strong> final <strong>do</strong>s anos 60: em 65 existiam 100 hospitais priva<strong>do</strong>s convenia<strong>do</strong>s,enquanto que em 1979 este número chegava aos 276 11 .Em que pese o caráter priva<strong>do</strong> <strong>do</strong>s serviços contrata<strong>do</strong>s pela PS, a situação <strong>do</strong>shospitais e da assistência aos <strong>do</strong>entes era a mesma das unida<strong>de</strong>s públicas (carência <strong>de</strong>recursos materiais e humanos, maus tratos e violências), aos quais se somava um agravamentono que dizia respeito à falta <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> direitos (tempos <strong>de</strong> internaçãoaumenta<strong>do</strong>s, proibição <strong>de</strong> visitas, etc.). Os tempos médios <strong>de</strong> permanência hospitalarem alguns casos, chegavam a 25 anos: as pessoas entravam em num hospital psiquiátricosem a certeza <strong>de</strong> um dia po<strong>de</strong>r sair.Com um quadro <strong>de</strong>sta natureza, e com as bases teóricas que orientavam o Movimentoda Reforma Psiquiátrica nos seus momentos iniciais, a ação reformista consistia,por um la<strong>do</strong>, em <strong>de</strong>nunciar as distorções conclaman<strong>do</strong> a uma participação da socieda<strong>de</strong>civil nas “tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão” das políticas públicas, o que refletia os anseiospopulares no perío<strong>do</strong> da re<strong>de</strong>mocratização. Por outro, e simultaneamente, em preconizarduas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong> princípios, quanto: 1. a inversão da política nacional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> mental,<strong>de</strong> privatizante para estatizante e, 2. a implantação <strong>de</strong> alternativas extra-hospitalaresque, neste contexto, significavam a inversão <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo: <strong>de</strong> hospitalar para ambulatorial,<strong>de</strong> curativo para preventivo/promocional.Muito embora a qualida<strong>de</strong> da assistência pública não se diferenciasse daquela<strong>do</strong>s serviços priva<strong>do</strong>s, a sua <strong>de</strong>fesa era calcada, por um la<strong>do</strong>, em um postula<strong>do</strong> i<strong>de</strong>ológico,qual seja, a <strong>de</strong>fesa da coisa pública e, por outro, na hipótese <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>terioraçãoda coisa pública era conseqüência da política <strong>de</strong> privilégio <strong>do</strong> setor priva<strong>do</strong>.Assim é que, para o MTSM a mudança <strong>do</strong> mo<strong>de</strong>lo impunha-se pela ênfase na“<strong>de</strong>sativação hospitalar (...) como a única medida para conter a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> internações,7. Carlos Gentile <strong>de</strong> Mello, apud <strong>CEBES</strong>/Comissão <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> Mental <strong>do</strong> <strong>CEBES</strong>/RJ, 1980a. A psiquiatriano âmbito da Previdência Social. Revista Saú<strong>de</strong> em Debate, nº 10, abr/mai/jun, 45-48, pp. 46. A persistência<strong>de</strong> Gentile era tão gran<strong>de</strong>, assim como seu bom humor, que ele chegou a registrar em sua secretáriaeletrônica, após a mensagem tradicional: “E lembre-se, a Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Serviço é um fator incontrolável<strong>de</strong> corrupção!”8. I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, pp. 47.9. I<strong>de</strong>m, ibi<strong>de</strong>m, pp. 46.10. I<strong>de</strong>m., pp. 47.11. I<strong>de</strong>m, pp. 229.SAÚDE E DEMOCRACIA - A LUTA DO <strong>CEBES</strong>167

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